É orgulho. Veja bem, o bacuri cresce na sua barriga. Alguém precisou bater na sua porta com uma ação judicial para você se responsabilizar pelo seu filho? Você pediu DNA para saber se tem mesmo que pagar as fraldas dele? Tá bom, você está pensando, é provável que seja um macho ou uma mulher machista: “Ô mulé idiota, se o filho tá na barriga dela é dela, porém quem garante que é do cara?”. Ok, faz sentido e, em alguns casos, faz muuito sentido. Mas, por poucos segundos, pare de pensar com seu pau (o seu ou, no caso das mulheres, o dos machos que te criaram) e use seu cérebro da cabeça comigo. É preciso alguém te forçar a amar um filho que você fez? Um filho que a vida te deu? O dinheiro é tão mais importante que o que esse amor tem pra te dar? Seria o dinheiro capaz de diminuir esse amor? Seria o dinheiro capaz de transformar um amor que deveria ser espontâneo em guerra? Foi mal, não vivo de luz, não tenho uma árvore de dólar nem de euro no meu quintal. Sou brasileira, sou mal paga pra cacete e ainda contribuo com impostos anuais pra esse bando de desalmados e, no final das contas, estou prenha e apertada de grana. É sério, paguei uma anuidade de quase 400 reais para o meu conselho, que de conselheiro não tem nada, pago a prefeitura por trimestre 170 reais para poder atender meus pacientes, pago 250 para o meu contador fazer meu imposto de renda, pago trilhões de impostos a porra do ano inteiro e, agora prenha e autônoma, não tenho direito a 1 puto para ter uma licença à maternidade decente. Voltando ao assunto. Não chore por mim, Brasil. Não tô escrevendo essa baboseira toda para lamentar o fato de que não escolhi uma profissão milionária como me incentivaram quando entrei na faculdade. Estou querendo mostrar que, o dinheiro não torna meu amor pelo meu filho, que ainda não nasceu, condicional. Agora, me diz, nós mulheres temos que sair a cavalo para enlaçar o boi e forçá-lo a fazer o mesmo? Freud dizia que as pessoas tratam amor da mesma forma que tratam dinheiro. Por essa lógica, me questiono que tipo de amor esse pai dará ao seu filho. Isso serve pra mulherada também, sabe aquele cara zura que divide a conta do jantar com você? Corra! Uma coisa é estar junto por um tempo e rachar a conta ou você pagar uma vez ou outra. Uma vez ou outra, não é quase sempre nem sempre. Esse cara aí, machista por falta de opção, algum dia vai fazer miserinha de amor pra você. Pode apostar. Miserinha de dinheiro, miserinha de amor, já dizia Tio Freud, cara sábio. Que tipo de amor o seu filho receberá de um pai que só assume suas responsabilidades legais por obrigação judicial sob pena de prisão? Não sei. Tive um pai diferente, cheio de defeitos, mas nesse setor, diferente. Meus pais se separaram quando eu tinha 8 anos de idade e ele foi à justiça regulamentar pensão. Além disso, sempre deu muito mais do que estava determinado por lei. Esse dinheiro não foi pra minha mãe, ele como bom advogado e homem inteligente, sempre soube que o dinheiro era pra gente. Aí, eu vejo relato de amigas, mães solteiras, cujos pais dos seus filhos se recusam a dar 50 reais a mais porque aumentou a mensalidade da creche. São os mesmos que se recusam a “estragar” um final de semana com a nova namorada para ficar com os seus filhos. São os mesmos, como eu presenciei há pouco tempo, que exigem a pensão integral que foi dada naquele mês para poderem ficar 15 dias com o filho enquanto a mãe da criança viaja. É guerra, não é? É, mas não devia ser. Me diga, que tipo de amor essa criança que está sendo construída, formada, elaborada, está recebendo? Numa boa, nesse cenário, a criança está sendo a última colocada! É nessa hora que fico questionando, qual é o trauma menos pior: um pai ausente por completo ou um pai presente ausente condicional que paga pensão? Será que é só orgulho ou instinto de proteção? Aguardo respostas (envie para fnlf13@yahoo.com.br).

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