Não tem uma alma que não me pergunte: Ele já fala? Diz “mamãe”?

É claro, as pessoas chegam junto no desenvolvimento da criança. Te pressionam. Mas ok, faz parte de uma ansiedade geral de ver a criança fazendo coisas novas, engraçadas, fofas. Fico melancólica pelo dia que Bento perder esse andar cambaleante e essa forma gostosa desordenada de mexer nas coisas.

Meu coração sorri toda vez que ele trava conversar consigo próprio, outras vezes, comigo. Respondo no mesmo tom. Quero que se sinta compreendido. Talvez, um dia, ele fale com texto rebuscado e não nos compreendamos. Talvez, nem precise falar, nos entenderemos no olhar. Grandes chances.

Ontem, estava tentando levar ele para o tatame. Estávamos na cama e eu tentando o meu maior golpe baixo para fazê-lo tirar o soninho da tarde. Enquanto eu babava semi acordada, Bento mamava semi morto e Ares, meu gato preto da sorte, pulava feito doido pelo quarto. Certamente, queria sair, mas eu não podia me mover. Tentava me concentrar no Bento. Ventava. E a janela que estava fechada se abriu, colocando a luz bem na nossa cara. Xinguei calada, semi puta. Quando ainda tentava salvar meu ronco vespertino, Ares, desgramado, pulou na janela e se atirou em cima de mim e do Bento. Ele devia estar apertado mesmo pra mijar, nunca fez isso. Só não soquei o gato porque achava que Bento estava embalado. Fui tirar o peito e ele acordou. Ah que raiva!

Fiquei esparramada na cama. E falando com o Ares. “Ares, seu puto! Vou matar você, gato dos infernos. Ares! Sai daí, vai derrubar a garrafa!” Ele fazia de propósito. Ignorei o pedido do gato só de raiva. O de abrir a porta.

Bento como se tivesse tomado um pote de café se levantou cantando e foi rodar pelo quarto. De repente, se aproximou e deitou do meu lado falando algo como “Aiiiii”. Cantava “Aiiiii”.

Fiquei observando e repetindo. Reparei, em seguida, que rolava um “x” no final. “Aiiiixxx”

E plim! Matei a xarada. Ele chamava o Ares. Quando o perguntei, “cadê o Ares, filho?”, foi direto no bichano e ficou repetindo “Aiixxx”.

Ri, gravei vídeo e não acreditei. Depois de “mamamamamama” e água, Bento começou a falar o nome dos seus irmãos. Eu dava um caminhão pra jurar que ele começaria com “Sai, Gorda” ou, quem sabe, “pô, Gorda!”. Enfim, qualquer coisa Gorda, o nome mais falado naquela santa casa. No entanto, Gorda não teve esse glamour todo. O prêmio ficou pro Ares, que volta e meia se enrosca pra dormir com a gente

Achei um avanço enorme. Meu filho está começando a falar, gente, a falar!

Não parou por aí. Vocês não sabem o que é ter mercúrio no ascendente em leão.

Hoje pela manhã, Bento estava numa de ficar falando “Ouuuu”. Fiquei tentando decifrar. Que que eu falo que tem “ou”? – matutei. Eis que chega a Fátima:

– Fernanda, esse “Ouuuu” que ele fala é gol.
– Que gol, Fátima?! Ele nunca assistiu futebol! Eu não vejo Tv, muito menos jogo. – respondi arrogante, tipo “Fátima, não viaja na maionese!”
– Nãaaaooo… É que jogo bola com ele todos os dias e quando ele não pega a bola eu grito “Gooolll”.
– Mentira?

Mãe relapsa, desnaturada, sem apego. O garoto joga futebol todos os dias e ela nem sabe. O filho já é um projeto de Neymar com Godzila e ela nem nota.. O menino fala “goooolll” com um “g” que nem sempre sai, mas ela foi incapaz de saber que era gol. que horror!

Ei, calma, deixa eu me defender. Se ainda fosse um “goollllda”, eu entenderia, dou tanto esporro na cachorra que o nome dela é disparado o mais falado em casa. “Aix” minha primeira surpresa, “Gol” minha segunda surpresa.

Em breve, será “Mamamamamama é mamamamaravilhosa”. Não será surpresa não é mesmo?

Vou me empenhar!

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