17 de julho de 2014

Uma mãe que se preza observa atentamente – pra não dizer ansiosamente – o desenvolvimento do seu filho. Qualquer ponto fora da curva é um receio. Cedo demais? Tarde demais? Queremos filhos normais e sadios, no entanto cada um tem o seu ritmo, o seu compasso, é importante respeitar. Criança não é iPad que muda a orientação da tela conforme você manda.

Uma coisa que tenho verdadeiro pânico do tipo “pra quê essa palhaçada” é ficar ensinando desde cedo movimentos e respostas robóticas para elas.

Certa vez, me meti numa aula de ioga para mães e bebês. Bento era muito novo e passou a aula grudado no meu peito. Obviamente, não dei continuidade, não ia pagar aula de ioga para amamentar com platéia garantida por uma hora e atestar que eu e meu filho não somos zen a esse ponto. Odeio gente zen, mas mantenho meus esforços – insuficientes – para me tornar uma. Um tempo depois, encontrei uma amiga que continuou lá e ela disse que a filha de 6 meses aprendeu a bater palminha no raio da aula de ioga. Respondi “Que maneiro” , mas pensei “Cara#*!, qual é o objetivo?”.

Não tenho esse tipo de ansiedade. Bento se desenvolveu no seu ritmo e sei lá quando aprendeu a bater palminha, dar tchau, mandar beijo ou qualquer coisa do tipo. Admito que ensaiei o mamãe porque já estava feio falar “papai” que morava há quilômetros de distância e nem um “mãmã” pra pobre mãe da lida diária. Não era uma questão de robotização, era uma questão de justiça, recompensa e #sevocênãofalarmamãeacabouamamata.

No mais, acho fofo, acho o auge da fofura, suas palavras imperfeitas. Quase morro com a forma que diz as coisas. “Qué pax!” – o famoso “quero lápis” me dá acessos canibalescos e tenho vontade de comer Bento cru com uma pitada de sal e azeite. Penso: Qual vai ser a graça se falar tudo certo? Deixa ele falar sua língua fofolesca enquanto quiser. Deixa. Não vou ficar que nem doida dizendo “lá-pis” para ele aprender logo, pois perderei os meses que ainda me faltam tendo essa injeção de fofura na alma. Mais me parece uma droga alucinógena. Bento é um ópio da vida. E sua voz grossa desajeitada que inventa palavras e sonoridades como bem entende me entorpecem. Filho, continue com o seu dialeto fofolesco.

Falando sobre isso, a avó do Bento me deu a idéia de registrar as primeiras palavras do Bento de acordo como ele fala. Ela fez isso com os seus filhos e volta e meia pega suas recordações para rir um pouco. Deve se emocionar também. Eu vou, fato. Achei tão bacana que resolvi copiar e espalhar aqui no blog!

(Pena que vocês só estão lendo, se pudessem ouvir a voz do Bento, iam ficar doidonas diante das suas telas)

Ares (o nosso gato): Aixxx

Alô: Auuuu (parecia um lobo uivando kkkkkkkkk)

Passarinho : parrapinho

Batata doce : batata xuxi

Gorda : doda, goga

Shell: réuuuu

Lápis : pax

Biscoito: coks

Sapato: sapaco

Tchau tchau: tau tau

Pepeca: pequeca

Música: múrrica

Quero: qué

Senta: renta (dando ordem às cachorras)

Banana: mamanga

Suco: ruco (em geral, troca o S pelo R. Devo me preocupar, será?)

Sapato: rapaco

Chinelo: chineu

Bola: bóa

Primo: pipo

bolinha de sabão: bolinha de rabão

Por enquanto são essas, depois vou acrescentando…

Bento, meu ópio.

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