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Olhar

Das coisas mais deliciosas que conheço
Fica em meu peito
O teu olhar
Talvez o olhar mais profundo que já me foi concedido
Que me invade de tal forma que não sustento por muito tempo ao revidar
Sempre saio com a impressão que te olhei pouco ou nem tanto quanto minha alma queria te olhar
Mas certa de que meu sorriso frouxo e feliz de estar contigo soube como manifestar
O meu desejo
Porque te desejo um monte
Desejo decorar tuas pintas
Mexer no teu cabelo
Ouvir as histórias que você tem pra contar
Desejo te abraçar
Quando sentir saudade, quando sentir vontade, quando quiser chorar
Eu tenho vontade da profundeza que fica bem desnuda, quando encontro o seu olhar
Desejo de sustentar de volta o meu olhar
Por mais alguns segundos
Por mais alguns minutos
Pra que você tenha certeza
De que o nosso amor chegou pra ficar

Dando um jeitinho

A verdade é que mesmo sendo mãe aos 27 anos, sinto como se eu tivesse sido mãe na adolescência.

Nos momentos de perrengue, olho para o céu e pergunto “Deus, daonde o Senhor tirou que eu tinha condições de ser mãe?”

Mas eu sou e ponto final. Sou sempre com a sensação de que não tô sendo direito. De que tô dando um jeitinho. Só que tô dando esse jeitinho há 11 anos quase. E tá aí o moleque.

Dizem que sou boa mãe, apesar de muitas vezes me cobrarem coisas que o meu tipo de maternidade não permite. Porque meu tipo de maternidade precisa ser sustentável e pra ser sustentável não é perfeito.

Quando falo com outras mães com melhores estruturas que a minha, elas sentem o mesmo. Daí vejo que até que tô indo bem.

Bom, tudo isso pra dizer que ontem tive uma folga a tarde e fui cheirar meu bebê. De quase 11 anos. E ele ficou me obssediando pra pegar o meu celular pra jogar e eu fiquei brava. E dei umas 5 broncas até a gente conseguir sair pra almoçar. E mais 4 pq ele queria o meu celular no almoço e depois mais 2 pq ele não queria me levar em casa (ele está esse período com o pai). Mas mesmo assim, sinto que sua existência me faz maior. E que todas as minhas remadas mais fortes, são pra vc, meu filho. Te amo.

Remo feminino

Tenho consciência de que quando cheguei era tudo mato
Mas tinha uma pequena trilha fechada feita pelas mulheres brabas que chegaram antes de mim
E que se embrenharam naquela mata sem nem saber se conseguiriam
Ainda assim, com uma parte da trilha aberta, desde nova sinto que há mais chão pra se visitar e caminho pra se abrir
As mulheres em geral batalham com a sua própria auto estima e confiança e o esporte se torna um lugar onde isso é testado ao máximo
Seja através dos treinos, do ambiente, muitas vezes, doente e de toda a resistência ao esporte feminino.
Desde que fui às olimpíadas, o propósito de cuidar das mulheres, guiar e me embrenhar de facão na mata com elas, ficou muito claro.

Neste sábado participei da premiação do double feminino peso leve na Regata Estadual do Rio Grande do Sul, tendo a alegria de colocar medalhas no peito de atletas que venho acompanhando desde novas e admiro um monte.

Bento faz 11

Há 11 anos, Bento Leal chegava, às 5:22 am, horário de remador, num domingo de dia dos pais.

Seu brilho leonino e a sua até então timidez, contrastam diariamente com a minha busca por um lugar ao sol e tagarelice.

Enquanto ele reza pra ficar em casa, eu quico, fazendo mil negociações, ameaças e chantagens pra arranca-lo da toca e experimentar a vida lá fora.

Enquanto ele só usa blusa com manga, tênis com meia, short com cueca, eu adoraria ser Índia e viver pelada – ou com a menor quantidade de roupa possível.

Enquanto eu adorava brincar e ficar sozinha em meu quarto, até hoje tento tira-lo definitivamente do meu.

Enquanto eu escolhia minhas roupas, minhas coisas, minha vida, ele pede ajuda e compartilha tudo o que pode.

Contrastes. Mas nem em tudo.

Bento tem personalidade forte e sensível. Escolhe bem quem ama e quer por perto. É amoroso, chameguento e não esquece nem uma letra de qualquer palavra ou promessa que tenham dado a ele. Ama os bichos, em especial, os gatos.

Sou grata. Muito grata por ter dado a luz a Bento. E me torno todos os dias um pouco mais humilde para respeitar nossas diferenças e apoiar no que precisa para crescer.

Te amo, filho! Juntos sempre!

1997

1997, eu tinha 12 anos e estava competindo a minha primeira regata de canoe.

Esse ano, completo 26 anos de remo.

Lembro que no que seria o meu primeiro dia de aula, estava andando sozinha no humaitá com minha mochila nas costas e o dinheiro da matrícula e mensalidade do remo dada pelos meus tios avós. No meio do caminho, fui assaltada e aquele acabou não sendo o meu primeiro dia.
Depois, minha madrinha @marizaibeas passou a me buscar em casa para ir e continuar no remo porque fiquei com medo de tudo. Obrigada, madrinha. Você foi chave para eu conhecer o amor da minha vida. E ficar.

Obrigada também aos meus professores da época, Piu @robertomaier74 e Luiz André @deco.40 que não só me ensinaram, mas me divertiam com o esporte. Um me chamava de petuti e outro de emburradinha (por que será né? Kkkkk). Um me dava esporro:
-Tá achando o barco ruim? Então, encosta e não compete!
-Não, não, não. Pelamor de Deus, eu quero competir!
O outro me fazia rir o tempo inteiro. A alegria é fundamental.

Comecei indo 3x na semana, passei pra 5. Passei pra 7. Passei pra duas aulas seguidas. Ninguém me pediu isso, eu quis.
Cada regata era uma mobilização, cada barco que eu entrava eram novas amizades e uma sensação de pertencimento enorme.

O remo é o amor que escolhi e que me escolheu tb. E não há coisa, lugar, pessoa e qualquer item da adedanha que me prove o contrário. .

Apenas se lembre de como tudo isso começou 💥

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Destruição

Tô recobrando os sentidos
Não coloquei despertador
Mesmo antes de abrir os olhos, sinto estilhaços no meu coração
Tô machucada a beça
Foi bala vindo de tudo o que era lado
E eu vim até aqui tomando tudo no peito
Andando pra frente
Falando meus palavrões
Rezando as minhas orações
Fazendo terapia
E tomando meus banhos
Pra aguentar mais um dia uma vez outra descida
Mas agora meu corpo tá aqui anestesiado e sem ter que aguentar mais nada
Não sei quem eu sou sem a guerra e a paixão
E, no momento, não tenho nada disso pra me mover da cama
Os músculos estão doloridos
E penso que preciso fazer algo por eles
Meu filho acorda e tenho que fazer algo por ele
Vai passar, eu sei que vai passar
Mas agora preciso deixar isso me invada por completo
Que assim seja

Dura, dura…

Às vezes, quero me cobrar ser durona
Mas…
Como que se passa o amor?
Como que a gente endurece o coração do nada pra deixar de amar alguém?
Pra deixar de ter vontade
Seja durona, seja durona
Quando vejo, já me tornei uma massa amorfa de tristeza
Porque o amor segue ali
E deixo de procurar enquanto gostaria de dizer te adoro
E deixo de sorrir enquanto gostaria de dar minha gargalhada mais alta
(contigo)
E deixo de olhar enquanto meu olhar queria entrar na tua alma feito lança
Eu queria ser mais durona
Só que tudo piora quando tento ser o que não sou
Durona
Sou durona porra nenhuma
Sofro em silêncio
Ao fingir que você não atingiu certeiro o meu coração
Sou mole, mole
Quando se trata de você sou mole
Molona
Moleza
E é estranho pra cacete
Porque quase tudo na minha vida
Me exige ser dura
Mas com você não
Você me tritura a sangue frio
E me adoça
Me adoça a força
Me derrete em banho maria
Pra que eu não consiga te dizer não.

Talvez seja por isso que eu goste de você…

Adeus, Ares

Ares foi o meu primeiro dono, meu primeiro e verdadeiro amor gato. Escrevo enquanto ele dá seus últimos suspiros ao meu lado. Deitado na janela, ao ar livre como sempre gostou. Escrevo aqui aos prantos, porque escrever me remenda. Mais uma vez, meu coração rasgado ao perder um filho. Tenho mais jeito com bichos do que com humanos – devo admitir – é um amor que não consigo definir. Nem tento. Sempre disse que Ares, se pudesse, entraria pra dentro do meu útero e ficaria. Ele era minha sombra, meu rei, meu dono, meu amor. Chegou pra mim no dia 5 de outubro, há 12 anos atrás, quando fui buscar um gato amarelo pra caçar baratas na casa que eu acabara de me mudar. Cheguei na petshop pra adotar e o amarelo já tinha ido, mas estavam lá 2 gatos pretos. Levei os dois pq não conseguiria deixar um sozinho. O irmão do Ares sumiu em pouco tempo. Ares ficou. Me escolheu como sua humana e assim coloquei uma coleira linda e colorida nele com meu telefone. Ares era andarilho, festeiro, grudento, mandão. Resistiu a 5 trocas de casa, nascimento do Bento, nascimento das cachorras, chegadas e saídas de novos bichos, minhas viagens, tudo. E participava de tudo intensamente. Entendo que bichos são anjos e agradeço cada segundo do meu semiDeus Ares na minha vida e dos seres com quem ele compartilhou o seu brilho. Essa casa sentirá profundamente a sua falta. E meu coração carregará esse remendo pra sempre.
agradeço os cuidados da minha amiga e veterinária @acarolinalimavet desde crianças somos muito conectadas aos bichos, mas ela decidiu dedicar a vida a realmente cuidar deles. obrigada.

Ensaio de gravidez pelo @gabrielstefanini

Espera

“Cê demora a vir
E eu reclamo enquanto espero
Muito
Sem deixar de esperar
Ensaio esquecer
Mas continuo esperando
Cê demora a vir
Mas quando vem,
Vem de avalanche
Vem de enxurrada
Me protejo
E reclamo pq acho que vc se protege
Ô, macaca, olha a tua raba!
Cê vem
Me pega os cabelos
Me roça a língua
Dança pelado sorrindo
Ensaboa o meu corpo
Pra depois
Roncar feito um carro engasgado
Com a perna que pesa 300kg na minha barriga
Não ligo
Gosto até
De te olhar enquanto não consigo dormir
Bonito pra caramba, penso
Te beijo ainda dormindo
E vou embora soterrada
Inundada
Fingindo naturalidade
Com meu sentimento bem escondido
Tudo parece bem
Mas…
Do segundo que minha boca descola da sua
E do centésimo que o meu olhar desgruda do teu
Recomeço a te esperar

Vê se não demora dessa vez”
BKW

Não é só isso. É isso tudo.

Eu ficaria bem mais tempo na sua virilha
E me enroscaria nas tuas coxas e cintura
Segurando com as mãos as duas bandas da sua bunda
E lamberia do seu pau ao umbigo
E do umbigo, chegaria na sua boca
A sua maldita e deliciosa boca

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Hienas

Caminho entre as hienas por força do hábito. Tento correr, mas elas se agarram nas minhas canelas. Me seguram. Isole isso tudo, eles dizem. Mas as hienas já tomaram o meu sangue como bem planejaram. Elas se riem orgulhosas do resultado. No meu encalço, ah, no meu encalço, vocês não iam nem sair de casa, minhas queridas. E esse veneno é tão tóxico que chego a questionar se amo isso mesmo. Tenho vontade de sumir. Mas saibam, que antes de sumir, vocês vão me escutar. E se não me escutaram ainda, é porque vão ter que me aturar. beijos.

Auto terapia

Um medo. Um pânico. Entre todos os pânicos que assolam o ser humano e, especialmente, a ser humana aqui. É o medo de pipocar enquanto mãe. Isso. Dar p.t. Bugar. Surtar. Abandonar o barco. E não levar a maternidade até o final. Minha mãe foi assim.

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Volta a mim e mais uma etapa do videogame

Faz um tempo que tô pra vir ao blog falar sobre maternidade, vida, esporte, Bento. Porque sabem, quando cheguei aqui, falando sobre maternidade real, se fuder no paraíso e essas coisas, era só mato. Ainda insistiam na maternidade doriana, Johnson e Johnson e aquelas mães de bermuda social e topsider – tenho pavor de virar esse tipo de mãe um dia. Nada contra. Só contra eu ser uma delas. Paranóia.

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O Beijo

Tua boca e o ardido da tua barba em meu rosto
Tua mão em minha nuca e teu gosto
Tua língua macia tua língua dura
Tua língua inquieta no meu coração
Nossos corações desesperados
Como nossas bocas em pleno combate

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Me dá 1 minuto

Se eu beber, eu choro
Se eu beber, eu choro
Beber, me traz você
rente de frente
Me traz que é impossível não querer
Mas estando decidida
Choro

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Teimosia

Eu vou te amar. Decidi. Ponto. Aguente. Pois vou te amar imensamente.

Vou sentar aqui nesse sofá macio e vou te amar em contemplação. Vou te amar com paciência. Coisa que nem tenho – pra ver como tô disposta mesmo a te amar.

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