12 de julho de 2013

Não, não tem a menor graça procurar creche pro seu filho.
Primeiro, porque é um indicativo de que você não é completamente suficiente pra ele. Que mãe não deseja ser? Eu gostaria de ser 3, pelo menos. Pra mãe solteira fica tudo mais difícil, falta um marido, uma sogra, tios e tias, talvez. Segundo, porque nem milhões de brinquedos educativos, nem milhões de cuidadoras e professoras sorridentes, nem a melhor pedagogia do mundo é melhor que eu para cuidar do meu filho. Terceiro, porque é um amor pago e isso bate esquisito na minha cabeça.

Fui a algumas creches. Crianças gritando, brincando, se despedindo dos seus pais. Eu agarrava o Bento como se aquele lugar quisesse o arrancar de mim.

Teve uma creche que me perguntou: você ainda amamenta? Olha, a moça do café da esquina me perguntar isso, eu entendo. Agora, a coordenadora de uma creche perguntar a uma mãe de um bebê de 10 meses se ela ainda amamenta, é a prova de que independente da filosofia que ela segue, ela não entende de bebês. Corrigindo sua pergunta, ela deveria me dizer: “Que bom que você ainda o amamenta, muitas mães desmamam cedo os seus bebês!” Creche descartada!

[Ps: Foi a que eu estudei ]

Noutra, uma auxiliar me apresentou a creche com o maior carinho. Em seguida, fui falar com a coordenadora. Ela chegou na creche e me viu aguardando com um bebê que reclamava. Bento já estava aflito em esperar. A mulher simplesmente ficou conversando com outras pessoas e mal falou comigo. Chegou uma criança de uns 3 anos e ela deu uma bronca na menina. Me arrepiei. Não pelo Bento, por mim. Depois, falou comigo como se não ligasse, não tinha vaga.

Apesar de relutante, visitei uma conhecida de Ipanema, linha pedagógica montessoriana e um monte de frufru. Entrei lá e uma moça séria me recebeu perguntando se eu havia marcado um horário. Eu disse que não, mas gostaria de obter informações. A mulher rápida e friamente me deu os valores. Perguntei se havia alguma possibilidade de desconto, ela na lata disse que não e nem quis me escutar. Claro, né! Creche cheia, com fila, para que abraçar uma mãe que precisa de uma ajuda inicial para se reestruturar financeiramente? Depois dessa nem com grana! 2000 reais para 5 horas?! Tem ouro lá?

Pula!

Acabei chegando no espaço que uma amiga indicou. Sua filha da idade do Bento está lá. Entre os lugares que vi, foi o que mais gostei. Não posso dizer que gostei completamente. Como gostar de um lugar que pode me separar do meu filho? Como posso gostar de um lugar que trata meu filho como um ser único enquanto ele ainda faz parte de mim?

Olho pro Bento e vejo o quanto ele ainda é um bebê. Vejo o quanto, nesse assunto de separação, sou tão bebê quanto ele. O ser mãe que habita em mim está aprendendo a andar assim como Bento.

Esse não é um post engraçado. Dói em mim. Dói procurar alguém pra cuidar do que mais amo e prezo sabendo que sou insuperável. Dói ter feito planos para tê-lo em casa por dois anos e, agora, cogitar colocá-lo numa creche.

Coisa minha.

Não tenho boas lembranças de escola. Talvez outras pessoas tenham. Visitar creche e possivelmente passar pelas mesmas experiências do lado de cá me aterroriza.

Creche pode ter tudo para tentar fazer meu filho feliz, mas, por enquanto e por um bom tempo, Bento só precisa de mim.

Ninguém melhor que eu. Ninguém.

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