25 de junho de 2013

A criança beira 1 ano de idade e você já começa a ensaiar o “parabéns pra você”. Ela te olha atenta, sabe que algo de especial está pra acontecer. Aquela música é com ela. “Não, não, eu sei que não é uma música qualquer.” Tinha tanta graça fazer aniversário antes, né? Esse ano meu aniversário foi ridículo. Minha empregada fez um bolo e eu comi sozinha em casa – Bento não come bolo. Fora o meu pai que almoçou comigo no dia, ninguém apareceu – silêncio.

Eu sempre detestei parabéns, tenho dificuldades em ser prestigiada. Não me sentia confortável em ficar no centro de uma mesa atrás de um bolo com um bando de gente cantando e olhando pra mim. Eu tímida, será? Admito que ficava ansiosa pelos presentes – até depois de velha. Agora tanto faz, tanto fez. Vela? Nossa, quanto tempo faz que não sopro uma vela. Soprarei em breve, evitando que Bento batize o bolo inteiro com sua baba – seria fofo, não?

É, estou chegando. Me olhei no espelho hoje e até encontrei novas rugas. Estou chegando no primeiro aniversário do Bento. Nosso primeiro ano de sobrevivência e convivência mútua extra uterina. O que farei com meu bebê de um ano? Não parece que tenho que fazer algo a respeito? Poxa, ele já tem um ano! Pouco e muito ao mesmo tempo. Não me adaptei ainda, confesso. Não acompanho a velocidade que ele passa de um primeiro sorriso para um primeiro passo – que foi hoje. Ele anda se levantando e fica em pé cambaleante, algumas vezes, dança. Essa semana começou a soltar as mãos e ficar em pé sozinho.

Eu estava com uma paciente quando ele se apoiou em mim, ergue-se, soltou-me e deu um passo em direção à maca que estava próxima. Num segundo, na minha cara, sorrindo pra mim, Bento resolveu dar seu primeiro passo. Outro dia, observava-o engatinhando com medo. Hoje, se atirou num passo pra longe de mim – em todos os sentidos. Nunca vou esquecer: blusa listrada polo, calça branca e meia laranja com azul. Primeiro passo.

Toda mãe tem uma loucura, qual será a minha? Excesso de apego? Excesso de amor? Há excesso nisso?

Bento deu um passo e sorriu pro meu parabéns. Penso com temor e ansiedade: Bento vira cada vez mais gente. Bento não frequentou creche, nem aula de psicomotricidade, nem qualquer coisa dita como “estimulante” de bebês, no entanto, seu caminho de desenvolvimento é facilmente percorrido. Eu talvez ajude em alguma coisa. Coisa essa que chamo de amor. É água com açúcar, mas é real. Acho que meu amor o deixa livre pra tentar, bater a cabeça, cair. Acho que o meu amor o faz seguro para arriscar. Fico eu, a loba mãe, a dar focinhadas para que ele avance, sabendo que estarei ali.

Bento é um bebê imundo. Vive imundo. Dorme limpinho – toma banho duas vezes por dia.

Mas não vamos fugir do assunto: Bento e eu faremos 1 ano – olha a simbiose, psicólogos! E eu, que sempre detestei aniversários, que sempre detestei parabéns, terei a oportunidade de me relacionar melhor com o ritual. Seria Bento o meu maior terapeuta? Seria ele capaz de curar as minhas ziquiziras de infância. Sei lá! Só sei que esse ano, meu aniversário, ou melhor, os festejos do meu aniversário, mudarão de data. E mudarão por um bom tempo.

Eu canto parabéns e ele me olha alegre.

Dia 12 de agosto de 2013, se segura que a gente está chegando!

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