20 de maio de 2013

Uma coisa você precisa saber sobre a maternidade, depois que aparecem duas listras no teste do xixi ou que seu BHCG não dá igual a zero,

você se torna uma figura pública. Isso mesmo. A sua gravidez não é sua, é nossa. Primeiro, você não tem barriga, mas a notícia se alastra mais rápido que piolho. A notícia da sua gravidez vira um piolho que dá cria, lêndeas, no ouvido dos outros.
Que mulher nunca escutou que deve manter segredo da gravidez até os 3 meses, pois há risco de perder o bebê e muita gente fica com inveja. Eu sei que inveja existe, mas tenho uma certa irritação com essas crenças populares. Se você justificar tudo que acontece de errado na sua vida como culpa da inveja alheia, não te sobra muito para se responsabilizar. Fora que me dá uma impressão meio narcísica essa coisa de “fulana tem inveja de mim…” Ok, você é o máximo. E as fotinhos compartilhadas do facebook com aquele olho grego dizendo “O facebook tem inveja”? Vou economizar meus palavrões.
Mas voltando à notícia da sua gravidez, é impossível esperar até os 3 meses para dar a notícia pra alguém. Tem aquele casamento maroto pra iInternet de Funkeiro[1]r e você, louca que sempre perde a linha tomando todas e dançando funk até o chão, se encontra careta, quieta, com a cara verde de enjôo, evitando salmão, saladas e etc. Como vai explicar pros outros? Além disso, dá uma vontade louca de gritar aos 7 ventos “Tô grávida, porraaaaa!” – O “porra” é por minha conta.
Aí, numa quarta às 14 horas, está no mega mate da tijuca (você mora em copa), e brota, essa gente brota, uma prima do tio do cavalo da ornitorrinca e salta na sua frente exclamando: ” Fêeeeee! Parabéns pelo bebê!” Você mijou no potinho ontem e a “pima” já sabe hoje. Malditos piolhos. Não satisfeita de saltar na sua frente e quase provocar um vômito de rebote do pão de queijo que caiu mal, já vem pegando na sua barriga e a-li-san-do-a. Acabou, minha nêga, a gravidez não é mais sua, muito menos sua barriga.
Não satisfeita, a pima levanta sua metralhadora de perguntas, aponta pro seu umbigo e…
– Parapapapapapaparapapa Parapapapapapaparapapa Paparapaparapaparaclaqui Boom!

Foi mal lembrei do funk.

Aponta pro seu umbigo e:

-Era planejada?
Minha terapeuta sempre me falava para retornar as perguntas idiotas com a mesma pergunta ou similar: “Você era planejada?”

– Já pensou nos nomes?
Claro! O que não se pensa em 15 minutos após a descoberta? Piolhos, malditos piolhos. “Você gosta de Friends? Então, estou entre Phoebe e Joe. É porque é o meu seriado favorito!” Depois, acerta seu sorvete na testa para comprovar que você é imbecil.

– Está feliz?
“Não. Inclusive retomei meus antidepressivos. Vamos conversar? Preciso de um colo amigo.

-O pai está feliz?
“Não. Se jogou da ponte ontem quando soube. Adamastorzinho será órfão.

-Dá trabalho, hein?
“Tanto quanto as suas perguntas.”

-Pretende ter quantos?
“Você me deixa ter o primeiro? Grata.”

– Já pensou no quarto?
Não, isso é muita falta do que fazer. Caguei pro quarto, entende? caguei!

-Tá vomitando?
Vomita no pé da cidadã e depois diz “Tô.”

-Já engordou? Quanto?
Na real, dependendo do tempo que você descobre a gravidez, nem deu tempo de engordar. A minha sensação é que as pessoas querem te ver gorda, esbanjando celulites por aí. Responda que não sabe. Ah, não enche o saco!

– Como descobriu?
– Um passarinho me contou?
– Durrrr, sério…
– Foi o passarinho, pô…- faz cara séria.

Tem também as afirmações e conselhos:

– Você não vai dormir nunca mais, nunquinha.
Muito obrigada, Nostradamus.

– Faz aquele teste pra saber se vai vir mongolóide porque aí você tira.
E sua mãe não te tirou por que? Ah, não fez o teste…

– Acabou sua vida
-Não antes d’eu acabar com a sua! Ahá! – saca uma arma e pow!

Que fique claro, você vai escutar muito mais. Mas muito, muito mais. Mais que muito mais. Eu só não escrevo aqui porque Bento ia chegar aos 18 anos, eu estaria escrevendo um post sobre como ter um filho na faculdade e você não teria terminado de ler. Nem citei aquelas pessoas que contam desgraça dos filhos alheios pra grávida. Ei, não se faz isso! Ai ai ai! Muito feio!

Eu já escrevi um post, “Respondendo as perguntas“, sobre as perguntas que me fizeram quando descobri que estava grávida.(Se você ler, me perdoe a falta de saco, são os hormônios. Aproveito para fazer um alerta. A pessoa que faz esses tipos de pergunta para uma outra que se encontra cheia de hormônios, corre risco de vida. Vai por mim). Quantas respostas que eu gostaria de ter dado. Muitas não dei, só pensei. Foi no início da gravidez, quando eu, uma mulher solteira sem namorado aparente engravidou. Me perguntaram coisas tipo:

– Como você engravidou?
– Você quer que eu conte a história da sementinha ou da cegonha?

Depois desse post vieram inúmeras outras perguntas, respostas e afirmações sem que eu as pedisse. Dá gravidez a maternidade, você se torna um receptáculo aberto à falta de modos alheio. A aldeia quer compartilhar. Quer dizer, querem opinar, te tocar, fazer previsões. Menino! Menina! Sua cara! Cara do pai! Cara do avô! Agora, quero ver, depois que nasce se diponibilizar a ir na sua casa levar um lanche, segurar a criança 5 minutos para um banho, dar uma varrida na sala, lavar louças. Pois saiba que, muitas vezes, o que uma mulher recém parida precisa é isso, ajuda no seu entorno. Precisei de muita boa vontade alheia para me lavarem louças, passearem com as cachorras, trocarem o jornal delas, comprarem um pão, uma manteiga…6806[1]

Devia rolar tipo um pagamento. A pessoa tem que pagar para você escutar o conselho/opinião dela.
Aí, quando a pessoa chegasse dizendo que quer te dar um conselho, você rapidamente responderia:

– Claro que pode! Lava a minha louça primeiro que depois te escuto.

Ah, mas ia ter muita gente desistindo!

Piolhos. E quando a barriga começa a aparecer? Não há Kwell que funcione mais.

E você, qual foi a pergunta/conselho mais idiota que você escutou na gravidez? E depois que nasceu?

(To be continued… Amanhã continua a saga dos piolhos com barriga aparente)

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