12 de maio de 2013

Mãe,

Parabéns! Hoje é o seu dia e eu queria te dar de presente descanso, mas não consigo. Acordei às 4:36 da manhã porque me bateu uma ansiedade, um medo de que você pudesse ir embora. Fiquei aliviado quando ouvi sua voz “não, filho, 4:30 da manhã não, dorme, vai…” Obrigada por ter me abraçado e dado tapas na minha bunda, me confortou. Pra te ajudar consegui ir até 6:37. Foi meu limite, mãe, precisava levantar. Saí engatinhando pra não te incomodar. Você podia ter ficado dormindo, acordou porque quis. Imagino que ficou preocupada d’eu cair da cama. Besteira… Se você não me deixar tentar descer da cama sozinho, nunca vou conseguir! Relaxa! O que pode acontecer se eu cair da cama? Vai doer um pouco e pronto, na próxima aprendo. Deixa de ser exagerada, mãe, não vou morrrrer! Se suas amigas te perguntarem, vale a mentirinha só pra contar vantagem, diga que te dei 8 horas seguidas de sono.

Ouvi você comentando que quer cortar minha mamada noturna. Tá, eu sei que são várias mamadas noturnas, mas… PELO AMOR DE DEUS, NÃO FAÇA ISSO! Sério mesmo, se você fizer vou chorar até a morte! Quem te deu essa ideia estapafúrdia? Médico? Mãe, não é você mesma que diz que odeia médicos? Porque quer gostar, e pior, ouvir logo esse? Pode parando com essa história e libera esse peito pra mim.

Outra coisa que você me disse que queria de presente era massagem. Me preparei para fazê-la hoje de manhã. Me aproximei com delicadeza e comecei. Você não estava com uma cara muito boa e começou a tirar minha mão. Só porque eu comecei com o seu nariz? Acho seu nariz tão bonitinho… Quis começar apertando ele. Minha unha estava grande? Culpa sua. Não sei cortar sozinho, você está careca de saber disso. Nunca a impedi de corta-la. Depois, continuei dando belisquinhos nas suas bochechas, li num livro de massagem que essa técnica se chama “amassamento”. Pois então, iniciei os amassamentos na sua bochecha, você se manteve de olhos fechados como se eu não soubesse que estava acordada. Sou um bebê e não um bobão. Você franziu a testa e pensei “essa bochecha deve estar tensa, vou pegar mais pesado com ela”. Não compreendi quando você me afastou e reclamou “po, filho, dói!” Dona Fernanda, a senhora não queria massagem? Massagem ou carinho? Me aproximei novamente. Ouvi você outro dia falando que seus trapézios estavam travados de tanto me segurar no colo. A pessoa rema 2 horas seguidas na lagoa, faz musculação três vezes na semana e tem a cara lavada de dizer que a culpa dos trapézios tensos é minha. Tudo bem, vou engolir essa. Trapézios, fui em direção a eles. No meio do caminho achei um coração preto com umas bolas prateadas. Dispersei. Fiquei tentando pegá-los pra mim, mas eles não saíam das suas orelhas. Foi nessa hora que vi suas pernas se batendo, tipo como eu faço quando quero sair do carrinho ou quando não quero trocar as fraldas. Mãe, existe coisa mais insuportável que trocar fraldas? Ok, você levantou, me tirou de cima de você e me soltou pelo quarto. Entendi que estava satisfeita com minha massagem. Pode dizer às suas amigas que ganhou massagem no Dia das Mães, elas vão morrer de inveja. Morram! Morram!

Fiquei sabendo da pesquisa que você fez durante a semana sobre o que as mães gostariam de ganhar de presente (viu como sou um bebê observador?). Ontem, você deixou o facebook aberto e corri, ou melhor, engatinhei pra ir lá ver. Não demorou muito, você veio correndo, ou melhor, voando para me tirar de cima do seu laptop. Só porque gosto da sensação de mexer naqueles quadradinhos pretos com letras (sim, eu sei que são letras). Da última vez, mudei sua tela de posição. Aposto que você nem sabe fazer isso! Hahahahaha Entendo de computadores, mãe. A minha sorte foi que deu tempo de ver a resposta da mulherada. Pautei meus presentes do dia de hoje nas respostas delas. Vi bem as que você curtiu. Pensei “Se ela curtiu…” Já colaborei no sono e na massagem, faltou o cordãozinho com pingente de menino. Nem acho brega, acho coisa de mãe. É fofo. Eu até poderia te dar, mas você já tem (bebê observador mais uma vez). Tia Dani te deu e você usa de vez em quando. (Tia Dani, ela evita colares porque eu adoro puxa-los, é divertido hihihihi). Também, né, quer o quê? Vou pro colo e dou de cara com aquele treco dourado brilhoso! Não resisto. Ultimamente, tento morder o pingente para aliviar minha gengiva (ela coça um monte!), você até que deixa, mãe. Diga às suas amigas com cara de realeza “Já tenho, você não te-em!”

Último ponto, salão de beleza. Mãe, você já reparou como te olho? Te acho linda! Lin-da. Pra que essa história de salão de beleza? Não é você A feminista que quer ir contra essa padronização da estética feminina (bebê observador e cult)? Fala da objetificação da mulher e quer ir pro salão ficar que nem uma boneca? Honestidade? Você mais do que qualquer mulher que eu já tenha visto, não precisa. Gosto de você assim, cheirosa ou fedida de treino, bocada ou desbocada, gordinha ou magrinha, com esmalte descascando ou sem,  cabelada ou descabelada, cabeluda ou descabeluda (cabeluda não, cabeluda não)… Não interessa! Você é linda. Não tem aquela frase “Seja a revolução que você quer no mundo”? Comece, mãe, acredito em você. Eu poderia te dar, não pense que não, mas acho que não seria construtivo. Diga às suas amigas, seu filho te acha suficientemente linda do seu jeito natural e selvagem, elas vão se rasgar! Já posso ver elas se rasgando hihihi…

Como não consegui ler tudo, pedi pro vovô te dar uma graninha pra você comprar o que quisesse. PRA VOCÊ. Ultimamente, só gasta comigo né, mãe, criança gasta… Não ache que foi o vovô que teve a ideia brilhante (e fofa) de te dar dinheiro em meu nome, visto que não trabalho ainda (ainda!). Ele só fez isso porque dei uma ideia no pé do ouvido dele enquanto você fazia tapiocas. Disse a ele que você estava precisando de um mimo. Espero que gaste com algo que lhe agrada. Diga às suas amigas “Depois disso tudo, sabe mais o que ele me deu?” Esnoba, mãe, esnoba.

Acho que é isso. Espero que tenha gostado dos presentes que, além do meu amor e gratidão, por ora, posso te dar. Sim, mãe, amor e gratidão. Amo tanto você que, um tempo atrás, achava que éramos uma pessoa só. Choquei quando reparei que não! Ainda estou me recuperando dessa novidade.

Então, te amo.

Te agradeço muito pela sua recepção à minha pessoa nesse mundão de meu deus. Te agradeço o cuidado incessante. Te agradeço a forma que me guia para descobrir novas coisas, a forma que deseja meu crescimento (não pros lados). Te agradeço o amor que disponibiliza sem limites, apesar da paciência ser limitada (uma pena). Te agradeço pelas pessoas que te cercam (é uma galera, né, mãe?). Te agradeço por ficar tentando adivinhar o que eu quero apesar de achar que sou muito claro e óbvio.

Agora, vamos ser francos, sou ou não sou o maior presente (de grego) que a vida poderia te dar?

beijos babados

Bento <3

 

Boa leitura pra hoje: o texto de Feliz Dia das Mães da minha amiga Nat <3  Nat, eu também queria todas essas certezas…

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