26 de março de 2013

Ser mãe de um menino é uma grande responsabilidade para uma feminista. Veja bem, o feminismo não é oposto ao machismo, não pretende que a mulher seja superior. O feminismo prevê igualdade de direitos e principalmente de TRATAMENTO. O machismo vê a mulher como um ser inferior. Começa com a alteração da bíblia, na qual tiraram Lilith, que havia sido feita da mesma matéria de Adão, e deixaram Eva, feita de uma costela do rapaz. Costela é o meu ovo. Tudo bem que eu não tenho um real, mas tenho um imaginário. Meu ovário de certa forma é um ovo, só não é escroto como o dos homens (gostou do trocadilho?).

Numa dessas listas ridículas que agora passeiam no facebook (do que a mulher gosta, o homem precisa e blá blá blá), achei uma interessante, falando sobre a criação de meninos. Uma frase que ficou martelando na minha cabeça foi: Ensine ao seu filho que ele pode perder para uma mulher, ela é tão inteligente quanto ele. Não sei se era exatamente isso. Naquele momento, me lembrei de uma brincadeirinha de terceira série primária, menina pega menino. Por um segundo, me vi louca e descabelada correndo pelo pátio do Andrews. Claro que a gente corria atrás daquele menino que gostava e já pegava ele de tapão pra mostrar que corria menos que a gente. A maior zoação era “perdeu pra uma menina! boiola!” Tudo isso me fez refletir como somos criados, ambos os lados, sem nem perceber, para introjetar essa diferença.

No dia da mulher, recentemente, também no facebook, circulou uma frase “No dia da Mulher não quero flores, quero respeito.” Hoje é dia 26 e eu ainda estou pensando nela.

Um companheiro de clube fica sempre me sacaneando sobre o feminismo, machismo e etc. Diz que as mulheres e outras minorias, não têm que se fazer de coitadas. Obviamente, seu discurso já é machista, sabe por que? Porque ele não sabe o que é uma mulher ameaçada e desrespeitada ter que engolir sua devida resposta ou atitude com medo de ser agredida. E sabe por que ele não sabe? Porque se o cara que vende pastel o responder atravessado, ele já pergunta se o cara vai encarar e pronto. Ou se ele chama um eletricista na casa dele e ele se encontra sozinho, o cara não vai cobrar dele 80 reais para consertar um fio do interruptor que está com mau contato e levou 3 minutos para ser reparado. Por que? Porque ele é homem. Não dá pra fazer homem de otário. Também não adiantará ameaça-lo, pois ele é equivalente em força.

Uma amiga, semana passada, sofreu esse tipo de violência moral e está até agora na ressaca das emoções. Ela mora sozinha com a filha e precisou fazer o frete de algumas coisas. Pra começar, o valor que o cara cobrou era abusivo, 250 reais do Leblon para Ipanema. Quando ela tentou negociar, o cara disse que ela estava choramingando. Primeiro desrespeito. Ela até pediu para o ex-marido entrar em contato com o cara, já se sentiu agredida pra início de conversa. Por algum motivo o ex-marido não pôde interceder. Como havia prazo, fechou com aquele mesmo por 200 reais. Sexta à noite e ela sozinha em casa, chega o cara com mais 3, dizendo que precisou de ajuda e a mesa que ela pediu tinha que ser desmontada para entrar no prédio e só subiria esta por 250 reais. Caso ela não quisesse, podia deixar no caminhão dele porque ninguém mexia, ele era conhecido na área. O cara teve um discurso todo ameaçador, fazendo inclusive ela achar que ele era bandido e tudo. Talvez nem seja, mas queria intimidá-la com toda certeza. No final, ela tentou ser simpática, ofereceu mate, água e pagou os 50 reais que faltavam. Tudo isso por medo, não por educação.

Mulher para ser bem atendida, tem que estar acompanhada de um homem, olha que coisa babaca! Certos serviços eu só marcava quando meu ex-namorado estava presente. Sozinha é se preparar para ser enganada, mal atendida e destratada. Eu disse a ela, que morando sozinha há 5 anos, o que aconteceu com ela não me espanatava, já tinha passado por isso inúmeras vezes.

Sempre falo brincando, mas com um fundo de verdade gigante, que eu tinha que ter uma escultura de um pênis gigante para colocar na porta da minha casa, quem sabe assim eu seria mais respeitada…

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