28 de janeiro de 2014

No avião.

Aquela correria. Bolsa, bebê, baba, carrinho, careta, calor, fome, fuga, fralda suja.

Por sorte pegamos três cadeiras com uma livre. Ainda consideram Bento um bebê de colo que não paga passagem. Imagina de fosse como em parque de diversões que passa por altura ou peso? Bento pagaria passagem desde a maternidade. Mas ok, nós enfiamos naquela cadeira micra, naquele espaço micro como se realmente coubéssemos. Penou a pessoa da frente com os pontapés bem humorados que Bento dava. Eu suava.

A fralda estava cheia e me aproveitei das cadeiras para deita-lo e troca-la. Admito que me tornei a mestra de trocar fralda em qualquer posição. Eu poderia fazer o kama sutra da fralda. Troco até com ele de cabeça para baixo.

Na confusão de aperta o cinto, dá biscoito pra criança e desliga o celular, aparece um aeromoço cheiroso, fino e educado para atender as cadeiras atrás da gente. Com um plástico na mão chega ele:

– Senhora, desculpe pelo inconveniente, isto deve ser descartado no banheiro e não no chão da aeronave…

Olhei encafifada. Será que alguém cagaria no chão do avião? Que parada tão nojenta poderia estar ali? Foi aí que dei por mim.

– Fátima, você guardou a fralda do Bento?
– Não, Fernanda, e você?
– Puta merda…

Fui mulher o suficiente para me virar para a moça de trás e…

– Moça, o que tinha no chão era uma fralda de bebê? – a moça era chique de rayban e vestido de festa.
– Era sim…

Cara de uva passa.

– Então, me desculpe, era do meu filho, na confusão rolou praí…

Isso, Bento levantado com a cara cheia de farelo e catarro escorrendo e eu, a mãe porca viajante, bancando a mal educada.

Em seguida, sem graça, mais do que o meu normal, pedi desculpas ao aeromoço e ainda o aliviei – ou a mim.

– Olha, fica tranquilo, pois não tinha cocô!

Bouaaaa, Fernanda, agora sim o cara achou que você é retardada. Só faltou ele respirar tranquilo e dizer “Ahhhh, se soubesse nem tinha pego com saco plástico e cara de nojo! Sem problemas!” Eu falo umas coisas que, sem brincadeira, não sei de onde saem. Claro que ele não riu. Claro que fiquei de ridícula. Claro que depois calei minha boca.

A viagem seguiu e Bento fazendo sua algazarra. Lá pelo final, usou da sua técnica de sedução para aliviar o lado da mãe. Levantou-se, enfiou sua cara redonda entre as duas poltronas e fixou seu olhar “a la Marlon Bento” para a moça phyna. E assim ficou por uns minutos. Quando olhei pra trás, a moça ria e eu, ainda culpada e sem graça, comecei a rir. E o riso dela de fato foi me perdoando. Quase como se ela ali entendesse que ele é uma espécie de malvado favorito. Dá um trabalho louco, faz um bando de besteiras, mas o que tem de bom compensa!

Até a próxima, senhores passageiros dessa nave louca chamada maternidade!

 

 

 

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