6 de fevereiro de 2014

No Starbucks, linda, descabelada e suada como sempre, fazendo uma hora com Bento para pegar nossa bicicleta que estava fazendo um reparo. Isso. Estamos motorizados, mas isso conto melhor depois. Andava com ele de mãos dadas, ou melhor, nada dadas, eu agarrava sua mão gorda e minúscula no limite do apertado para não machucar. Pois vocês sabem, Bento é selvagem. O tipo de cão que corre pra rua quando escapa da coleira.

Esse momento me fez entender que carrinho é uma coleira de contenção. Principalmente, se tratando de meninos lobos de 1 ano e meio.

Estávamos lá. A primeira missão era conseguir pagar o café e o pão de queijo. Café para eu beber e pão de queijo para o Bento ficar quieto, ops, comer.

Sentado no balcão, atirava as caixas de mentos e aqueles envelopes caramelizados no chão. Acho que ele tinha razão, em tempos de moeda surreal temos mesmo é que protestar. O problema é que depois a escrava aqui teria que catar tudo, então tive que dar uma de PM e joguei spray de pimenta bem na cara dele.

Tá, só tirei ele do balcão.

Ele correu para a entrada da loja e, querendo guarita, dei uma piscadela pro guarda phyno que se encontrava na porta. Bento, com seus caninos nascendo, babava até o umbigo, mas sorria. Voltou e achou copos de acrílico com canudo. Eu vigiava. Só estava mexendo nos canudos. Até que começou a isolar a porra toda no chão. Famílias gringas me olhavam. Eu ficava aguardando aquele sorriso de quem vê criança fazendo merda e acha graça. Fiquei no vácuo, mas caguei. Meu café era caro e o mínimo que podiam fazer por mim era deixar meu filho extravasar sua energia enquanto digito a senha do cartão de débito. Era o mínimo.

Achei que os copos iam quebrar e tive que pará-lo. Levei para um balcão alto, longe das tentações do mundo infantil. E gritaram: “Fernanda!” Era o meu pão de queijo salvador da pátria. Tentei chamar a moça para que não tivesse que mudar Bento de lugar. Ela não me ouviu. Um cara pintoso sorriu e pegou meu pão de queijo, veio me entregar. Tenho certeza que estava sendo gentil e de quebra me dando mole. Sim, porque depois viu que Bento me cagou de chantily e lá apareceu ele com um bolo de guardanapos. Era mole. Ninguém brota com guardanapos para bebês sem flerte, observação.

Depois da maternidade estou convicta de que o meu futuro qualquer coisa se apaixonará primeiro pelo Bento, depois por mim. Não me incomoda.

Comemos em paz. Se é que há paz com crianças. E logo que acabou o pão de queijo, Bento voltou ao seu estado pró-merdeiro. Começou a ficar em pé no banco. Eu engolia o café com ar de completo controle da situação. Nessa hora, o rapaz – medandomolemaisumavez – e a garçonete riam. Até que ela disse:

– Cuidado, ele tá quase caindo.
– Mas ele quase cai o dia inteiro, moça. Esse é o estado natural dessa criança, entende? Se você me disser que ele está quieto e seguro, vou estranhar… – veja que nasci pra comédia – Ah, outra coisa importante, se ele cair daqui, vai morrer?
– Não…
– Então, não intercedo, só mexo quando há risco de morte. Escoriações leves fazem parte do nosso dia-a-dia. Sacou?

A moça riu, o rapaz riu e se apaixonou mais ainda. “Mãe moderninha essa aí!”

Bento já estava ebulição, era hora de partir. Dei um tchau, um muito obrigado e o meu telefone para o meu admirador. Ok, dei só tchau e agradeci, afinal até achar papel e caneta, o Starbucks já teria vindo abaixo!

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Bento agora começou as atividades integradas regulares no Ateliê. É uma opção bacana pra quem não coloca o filho ainda em creche. Pode ir 2 ou 3 vezes na semana. E quem levar um amigo, ganha 20% nas duas primeiras mensalidades. Cremoso tá amando! Indico com tranquilidade.

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