Abrindo a Porteira

Bento deu aquela acordadinha pela manhã.
Eu já estava atrasada pro treino. Mesmo assim, dei um pouco de peito e ele dormiu de novo. Sempre aproveito essa dormida derradeira pra me arrumar e fazer meu café no andar de baixo da casa.

Com o frio que tem feito, fico sem coragem de deixar as “meninas” – minhas cachorras – no piso frio da cozinha. Assim, aninho-as na sala, num cantinho quentinho entre o sofá e a poltrona. Cubro o chão do banheiro de jornais para receber seus excrementos.

Fecho a porta dos nossos quartos, meu e do Bento, pois elas invadem e, às vezes, no meio de uma mamada em que Bento quase dorme, tenho que gritar “Saaaaai!” Se não fechar, Gorda vem e sobe em cima da gente. Pucca vem roncando alto e desperta o Bento. Shell vem e joga uma bola babada em cima do moleque. Ares vem e mia pedindo água.

Não que eu não deixe água pra ele, mas sabe como é gato, cheio de manias. Ares só bebe água fresca, mesmo que seja a da chuva que acabou de cair. Se ele viu caindo, está ok.

Mas então… deixei as meninas presas na sala enquanto Bento tirava seu cochilo final e eu fazia meu café, pois elas fazem barulho na nossa porta e poderia acordá-lo.

[Detalhe importante: a porta da sala abre de fora pra dentro. Mais um detalhe importante: minhas cachorras e meu gato abrem portas. Abrem quando estão na posição de simplesmente empurrá-las. Quantas vezes, fui ao banheiro fazer meu xixi em silêncio, veio a Gorda e pof! Deu um patadão na porta e abriu para entrar e me assistir? Ahhhhhhh, perdi a conta.]

Desci, fiz o café e subi. Bento estava chamando.

Quando subo, me deparo com a seguinte cena: Ares, o gato, olhando pra mim abre a porta da sala e solta todas as cachorras. Elas saem loucas e alvoroçadas. Fico imóvel para não derrubar meu café. E o que me resta diante daquele quadro é gar-ga-lhar.

Moral da história: eu não tenho bichos, tenho uma quadrilha.

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