4 de abril de 2020

Estávamos na cozinha. Eu, na beira do fogão, administrando alguma gororoba. Bento, de pé, na porta da cozinha, olha para o infinito. Seus neurônios divagavam. Seus botões formulavam uma nova pergunta pra mim.

A cara que faz é tão típica, mas tão típica, que já me armo inteira pra receber o bombardeio. Meus neurônios mais lúdicos e educativos precisam estar ativados. Vivos. Primeiro, pra responder a primeira pergunta. Segundo, pra que minha resposta não tenha um rebote para abrir mais interrogações, caso a primeira pergunta seja algo desconcertante para responder na sua idade. Terceiro, para responder as perguntas subsequentes. Grande chance de existirem. 99,99% de chances se tratando do Bento. Filho de quem? Quarto, segurar o riso e levar meu filho a sério. Ele é tão engraçado que, ás vezes, acho que é um personagem que do nada tacaram na minha história pra me divertir.

Voltando. Eu, no fogão, Bento, na porta.

Tomei um gole d’água e…

– Mãe, como que o homem coloca a sementinha na mulher?

A água paralisou na minha boca. Levantei a sobrancelha pra ganhar tempo e…

-… é pela barriga ou pela boca?

-Pfffff…. – o jato d’água vôou pela minha boca. Senti, no mesmo instante, aquele gosto de água sanitária. Aquele gosto, sabe? Visualizei cenas. Ahhhh, eu não quero lembrar dessas coisas! Ahhhh, eu quero lembrar dessas coisas! Mas não com meu filho! Ahhh…!

Olhei pra Bento. Ele aguardava. Minhas bochechas trimilicavam tentando conter o riso.

– Pela barriga, meu filho. Nessa região aqui. – fiz movimentos circulares que envolviam a perereca. Não menti por completo, vai. Soltei uma meia gargalhada e segurei. Ele me olhava sério.

A cara de “lá vem pergunta” continuou, mas ele foi organizar os pensamentos. Deu as costas e voltou pra sala.

Ri. “Ora, Ora, Fernanda Nunes…contando historinha de sementinha! Logo você! Diferentona. Feminista de meia tigela. Metida a sincerona. Rainha da disciplina positiva, mas que solta uns berro que a gente sabe.  Livre. Sem limites. Óia aí o limite roçando bem no meio da sua cara, doida!”

Respirei.

Mas essa conversa não começou aí. Nem terminou aí.

A continuar… To be continued…

Aguardem os próximos capítulos.

 

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