21 de maio de 2020

Meu nome é Fernanda e sempre amei os bichos. Desde que me entendo por gente. Sempre sonhei em ter um, mas não tive na infância. Vivi esse amor através dos bichos da minha avó que morava na zona norte do Rio. Sofri a perda deles, mas não como agora.

Aos 22 anos, saí de casa e fui morar sozinha. A primeira decisão que tomei, bem antes de ter um armário ou uma máquina de lavar, foi ter um cachorro. Fiz inúmeras pesquisas, pensei em cachorros grandes – não via graça em cachorros pequenos. Até que um dia, flertando com filhotes numa petshop perto de casa, falei com um veterinário sobre o meu desejo de ter um bulldogue inglês. Já havia pensado em labrador, dálmata… Ele me disse que não seria uma boa ideia a não ser que eu fosse veterinária, pois a raça tinha muitos problemas de pele. Contei também que morava sozinha e ele sugeriu raças como shitzu, pug, lhasa. Disse que sofreriam menos com as minhas ausências. “Pug?!!!” Cachorro de dondoca, pensei. Dias depois, passando pela mesma pet, havia um filhote de pug no aquário. Fui falar com ele. Meu-Deus. O bicho era a coisa mais linda do universo. Me olhava com aqueles olhos esbugalhados e saltitava querendo colo. Meu útero chegou a coçar. Me apaixonei. Pela raça. Vou ser dondoca – corrigi meu pensamento. Em virtude da grana escassa na época, pesquisei num classificados filhotes de pug. Lembro até o preço: 600 reais. Uma senhora me disse que tinha uma fêmea e que me traria. Estavam na Penha. No dia marcado, eu tinha um compromisso e deixei uma amiga aguardando o casal de velhinhos que traria a Pucca, uma pug de 1 mês que viria a ser minha fiel companheira por 12 anos. Não lembro sobre a definição do nome, mas eu amava coisas japonesas na época e havia uma bonequinha japonesa com esse nome. Lembro perfeitamente de abrir a porta e ver uma senhora sentada no banquinho de costas pra mim, Ju de frente, um senhor de quina. “Oooi! Cadê ela?” A senhorinha se virou e levantou um dos braços. Uma bolinha de pêlos champanhe de no máximo 2kg e olhinhos esbugalhados estava ali. Mal equilibrava a cabeça. Meu coração foi completamente invadido de amor, de felicidade. Estava li o amor da minha vida e ele não tinha sido escolhido por mim. Eu não fui escolhida por ela. Escolheram pra gente. Porque tinha que ser. Ela e eu.

Até hoje, sou capaz de fechar os olhos e ver a cena. Sou capaz de sentir a alegria. Sou capaz de reviver a conexão instantânea. Sou capaz de entender que ali e por mais 12 anos e 5 meses viveríamos uma linda e intensa história de amor, companheirismo e amizade.

 

Gratidão, Pucca. Nunca cheguei à altura de tudo o que você fez por mim.

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