Uma partidona solteira no Dia dos Namorados

Quando vou namorar de novo? – pergunta a mãe solteira pro espelho. O espelho faz aquela cara de “não faço ideia…”. Tá, se você é daquelas mães solteiras sagazes que encontrou alguém legal que acompanhou sua gravidez, suas ultras e resolveu juntar os trapos mesmo sabendo que você estava grávida de outro cara, nem precisa ler. Ah! E de preferência não poste comentário do tipo “Poxa, vocês acham difícil? Conheci Carlos quando estava grávida de 4 meses. Ele é inteligente, bonito, rico, ama crianças, faz massagens nos pés e cozinha orgânicos.” Pelo amor de Deus, nosso Senhor, Jesus de Nazaré e toda sua tropa! Não comente isso. Eu terei inveja de você. E não será inveja branca – se é que ela existe – será inveja roxa! Roxa de tão preta que é. Enfim, guarde Carlos pra você.

Muita gente me diz que nada é impossível de acontecer. Porém, o impossível não é que nem bunda que todo mundo tem. O impossível é uma pinta de um milímetro marrom grau 5 localizada no ápice da sua patela do joelho esquerdo. Logo, minhas queridas mães solteiras, Carlos não é sorteado pra todas. Eu fui uma delas, uma das não sorteadas.

É claro que se você não tinha vínculo afetivo com o pai do seu filho, as coisas ficam mais fáceis. Seu coração fica disponível pra quem quiser chegar junto e o pai da criança vira um detalhe – um detalhe trabalhoso – mas vira. Antes que me advirtam que o pai se tornar detalhe é alienação parental, converse com a mulherada e veja o número de caras que com o caminho aberto, escancarado, arrombado pela mãe para serem próximos aos seus filhos, se tornam padrinhos e não pais das crianças. Vamos falar de números? Pai que mete a cara na paternidade é raro.

Difícil é quando o pai do seu filho era alguém que você estava apaixonada acreditando ser um Carlos e ele se transforma no Darth Vader. Saibam disso, os homens têm esse poder de metamorfose. Assim como as lagartas viram borboletas, só que no sentido contrário. Eles ficam mais feios que as lagartas. Até cicatrizar aquilo tudo carregando o bacuri na pança, vai é tempo sem um beijo na boca. Quiçá um lesco lesco.

Nesse furacão de hormônios e de sentimentos, a gente sente falta mesmo é daquela proteção parruda que os homens nos dão, sabe? Aquele “Porra, deixo que eu vou lá falar com a atendente!” Putz, sonho com isso. Não sonho com sexo, com beijo, com presentes. Sonho com “eu te protejo”.

Tem mulher que fica cheia de empolgação durante a gravidez, tem mulher que não. No pós parto, passamos por um período meio seco – se é que me entende. Não consigo imaginar estar com um bebê de 1 mês e conhecer o amor da minha vida. A probabilidade disso acontecer é a mesma que a do impossível sobre 5. Mais uma vez alerto que se você começou a namorar Carlos com um bebê de 1 mês não me fale. Shhhh!

Então, mãe solteira, quando ele virá? Será que você quer que ele venha agora? É, agora. Agora que você não tem tempo de depilar as axilas. Agora que você não pode sair de casa depois das 18 h porque seu bebê dorme às 19h. Claro que a gente quer, mas será que temos fôlego?

Outra questão, de onde sairá esse príncipe tipo Carlos? Porque você sabe, antes do bebê, nosso nível de exigência é X. Depois é X-tudo. Carlos tem que gostar de criança. Não há possibilidade, nem dentro do impossível dele não gostar. Carlos vai namorar você e seu bebê – que me perdoem os psicanalistas de plantão, quero que Freud se exploda. Agora o jogo é pra valer, nem dá pra se divertir com os errados, encarar namoros com caras nada a ver. Gostar de crianças é a carne do x-tudo. Pode ser de soja pros vegans.

Carlos tem que ser inteligente. Ok, básico. Pão do x-tudo. Carlos é inteligente, entende relativamente bem de política e economia. Sabe muito sobre algo específico que você admira e passa horas escutando ele falar.

Se Carlos tiver uma situação financeira legal, mais um ponto pra Carlos. Não vou mentir, quero dividir meu aluguel, nem estou falando que quero que Carlos pague integralmente. Olha que legal que sou? Se for pra passar perrengue comigo, não, muito obrigada. Eu quero segurança. Minha avó sempre dizia que amor numa cabana não funciona. Nem numa cabana, nem num conjugado, nem num quarto e sala. Talvez num 2 ou 3 quartos – um de vocês, um do bebê e um pra respirar.

Acompanhando o x-tudo nós temos também, o ovo caipira, se Carlos souber cozinhar orgânicos. O alface e tomate orgânicos, se Carlos souber e gostar de fazer massagens nos seus pés e no seu ego.

Pra fechar, o bacon do x-tudo. Sem o bacon, não adianta pão, alface, tomate, carne, ovo, óleo, macarrão e purpurinas. O bacon é o clímax do sabor. Carlos, meu amigo colorido com intenções sérias, temos que ter um bom beijo e um sexo promissor. Nem sempre sexo bom vem logo de cara. Sexo horrível vem e você pode dispensar. O beijo é o caminho para um sexo bom. Portanto, x-tudo sem bacon vira amizade.

E a pergunta continua a nos cutucar: quando vamos namorar de novo? Não sei, mas vai rolar. Enquanto isso, vamos vivendo esse amor do dia-a-dia que nossos filhos nos ensinam. Eu acho que depois da maternidade virei um partidão – olha o marketing. Acho mesmo. Tô mais feminina, mais forte, mais receptiva, mais virgem… Sem grilos, é como andar de bicicleta, a gente não esquece.

Eu já era mulher, agora sou mulher pra caralho! – droga, prometi que não ia escrever palavrões. Carlos, você se incomoda?

A maternidade é a metamorfose da lagarta pra borboleta. A gente voa! Voa e passa a querer se alimentar de x-tudo e cheiro de bebê – vai me dizer que você não quer uma mulher assim?

Minha amiga mãe solteira que passa esse dia dos namorados como eu, sem jantares lotados e declarações de amor obrigatórias, você pode pensar que é o mico preto, sobra no jogo, mas pense positivo. Você pode ser o coringa, entra em qualquer um. (créditos ao Cotta)

Só acaba quando termina!

Feliz Dia dos Namorados <3

Feliz 10 meses do Bento, o responsável pela maior seca dos meus 28 anos <3 <3<3<3<3<3<3<3<3<3

 

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