25 de dezembro de 2012

Depois de vários emails e comentários, é inevitável falar sobre o assunto. Ser mãe solteira é mais comum do que parece e, do meu ponto de vista, um pouco mais complicado. Claro que quando penso que eu poderia estar com um cara chato ou num relacionamento falido, fico satisfeitíssima de estar sendo mãe solteira do filho de um cara que não interfere. Mais uma vez, melhor assim. Penso que se tiver que interferir que seja por amor e não por vontade de me sacanear. Infelizmente, nessa trama de pais separados, a guerra parece o pano de fundo mais comum e foda-se a criança. Não é difícil notar, gosto de uma briga, mas nesse caso, estou há 1 ano e 25 dias exatos brigando por harmonia. Já levei tanta porrada sem revidar que faltou tylenol no mercado para as minhas dores de cabeça. O motivo é nobre: meu bebê. É injusto. Mãe solteira passa por um bando de coisas injustas. Porém, se formos ver pelo lado Polyana da vida – lembro sempre da minha avó- a gente fica com o maior presente de todos em casa, e sendo uma boa mãe, não há santo ou pai que o tire de lá. A lei defende, e muito, a mãe. Dizem, inclusive, que é uma das únicas coisas que funcionam no país. O chato é que dinheiro é afeto, mas afeto não é só dinheiro. O fato é que adotei a postura mais pacifista da história das minhas últimas cinco encarnações. Estou feliz comigo. Parei com qualquer expectativa de paternagem verdadeira. Bento precisa. Bento não precisa. Não precisa de alguém que não dê a ele o que ele precisa, não precisa do mínimo possível. Enquanto do outro lado do ringue tem alguém contando os centavos para “dar” pro filho, do lado de cá tem alguém de coração feliz e aberto, passando aperto financeiro sem sofrer por isso.
Não faço mais as coisas que eu fazia, não compro mais minhas coisas, não estou (ainda!) com o corpo que eu gostaria, estou cheia de dor na coluna e nos punhos (sou eu quase 24 horas segurando meu filho sozinha), estou cansada e ainda assim estou feliz como não me sentia há muito tempo. Sinto como se depois de uma longa batalha, eu estivesse vestindo uma coroa de louros e flores. Minha gravidez não foi moleza, os três primeiros meses muito menos, mas agora… Agora, tem um bebê que acorda ao meu lado conversando sozinho, que me olha apaixonado, que segura o meu rosto e puxa pra coçar a gengiva na minha bochecha. É incrível, é absurdo! E ainda dizem que melhora.
Vou transbordar de amor! Eu já disse, nenhuma mulher deseja ser mãe solteira. Já me culpei diversas vezes pelo pai que dei ao meu filho e sempre tenho que fazer outro caminho mental para me perdoar e me fortalecer. Tô na filosofia do “É o que tem pra hoje!” Funciona que é uma beleza! A mãe solteira na sua jornada sempre escuta coisas como “Você que decidiu ter o filho!”, principalmente se ela foi pressionada a não tê-lo. Parece apenas uma estratégia da sociedade machista para que ela absorva toda a culpa e não ouse cobrar algo do pai da criança. A gente cai nessa, mexe com nosso orgulho, nossa honra. Besteira. Besteira maior ainda é se deixar abater por uma situação adversa com o pai da criança. Besteira mais que maior ainda é usar a criança para agredir o outro. Acho que isso não aconteceu e, provavelmente, não acontecerá comigo porque sempre foi muito claro pra mim, tive o Bento por amor, porque ele me escolheu e eu aceitei. Não tive com intenção de forçar a barra para ter alguém do meu lado, nem de agradar. Tendo isso resolvido, o resto segue. Só esse sentimento de alma nutrida me possibilitou focar nele durante a gravidez, mesmo com as minhas oscilações, e agora estar me dedicando integralmente.
Por isso, digo às mães solteiras que lêem meu blog e que me escrevem dando um feedback positivo a tudo que exponho aqui, o que interessa é o vínculo novo que vai ser criado com o seu filho. O pai foi um veículo importante para que ele viesse, mas a sua dedicação agora é importantíssima, e pra você fazer isso tem que estar o mais tranqüila possível. As coisas se ajeitam. Pessoas que você não acredita aparecem pra te apoiar (Tive um grande amigo que vinha à minha casa quase todos os dias me ajudar mesmo que eu dissesse que não estava precisando. Eu estava. Ele sabia e ignorava o que eu dizia). Não impeça que seu filho tenha um pai, mas o proteja caso a presença do pai seja danosa. Seu filho um dia saberá o pai que tem, sendo bom ou não. Veja as coisas de cima, quem perde é o cara, seu filho certamente é incrível. Quando se sentir pra baixo, deixe isso correr como um rio dentro de você, não nade contra, aceite suas correntezas. Nutra-se com o amor que seu filho vai te dar e com o que você vai dar pra ele. Vão ter dias, provavelmente aqueles nos quais o seu bebê chorará o dia inteiro, você imaginará o pai numa praia jogando altinha e você louca descabelada em casa, vai te dar raiva, mas ria disso. Quando você cair em si, verá que não troca aquilo nem por 10 dias de praia. Você não vai se arrepender. Lembro de uma coisa que me disseram assim que soube que estava grávida: “Enquanto você chora porque está, milhares choram porque ainda não estão”. Outra também: “Mulher só se arrepende do filho que não teve.”

Olho pro Bento todos os dias e vejo amor nos olhos dele. Fui eu que coloquei lá.

Feliz Natal!

16 Postado por: Categorias: Coisas de mãe, É crônico... Tags: , ,

16 Comentários

  1. Ana C..

    Parabens! Parabens! Sabias palavras…

  2. Feliz Natal meus queridos! Sejam felizes e curtamse. Como você diz, vocês se escolheram!

  3. Anonymous

    Obrigada por dividir sua experiência de vida conosco! Ajuda tanta gente… Feliz Natal e excelente 2013 com muitas historias do lindo Bento!!! Abs, Renata

  4. Juro que não comecei com esse objetivo. Caí nele e gostei! Saber que posso ajudar me deixa alegre! Vamos em frente!

  5. Lindo post, querida. O amor que recebemos desses pequenos é nosso maior presente… O amor que damos, nossa maior transformação! Que bom que você abraçou essa oportunidade e a está vivendo plenamente. Parabéns pela sábia escolha! Beijos, Fernanda

  6. PARABENS, adorei as frases do final!

  7. Fernanda,vi ontem o programa Boas Vindas do GNT, a amei a tua história!! qiueria dizer que és uma guerreirA!! E QUE GUERREIRA, PARABÉNS PELO blog E filhâo que por sianl ….. É LINDO!!!!!!!! BJSSSSSSS

  8. Lindo, lindo lindo!!!!

    Entendo bem o q sente e passa.

    Força, foco, fé e muito amor

  9. Só quem vive isso é que sabe…adorei suas palavras! Meu amor também veio de surpresa e só cresce em mim, dia após dia, com o nome de Francisco!!

  10. Jéssica

    Querida Fernanda,muito obrigada pelo carinho! Também, a cada momento que leio algo sobre o Bento e você, sinto-me abraçando vocês e participando de perto de tudo isso! É,não é fácil mesmo!Minha vida mudou completante!As vezes posso parecer um pouco egoísta quando digo que queria poder “curtir” como as outras meninas mas… Na verdade, eu curto mais do que elas! Porque eu tenho um pedacinho de mim ao meu lado que me olha com amor e, me abraça, que chora quando preciso ir estudar e, sorri quando chego depois de um dia muuuito tenso!!!Estudo e faço téc. em enfermagem!Cobro muito mais de mim, por ter que dar o exemplo pro meu baixinho! E se tem alguma coisa de que me arrependo, eh simplesmente o fato de nao ter amamentado o meu filho! Nao porque nao quis,mas por ele ter nascido prematuro,nao tinha forca para puxar o leite e, esse so produzi durante 2 semanas! Esse e o meu unico arrependimento! Estamos juntas nessa!!! Por coração, alma e pensamento! Te desejo toda a felicidade do muuundo! Desejei desde o programa!(sempre choro com ele!) E, obrigada por ter gostado! FELICIDADES ETERNAS PARA VOCÊ E PARA O QUERIDO BENTO!Que os ventos soprem sempre a favor!!! Bjos
    Jéssica Assis

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