We are Carnaval

Adoro a criatividade carioca. Esse cara merecia um beijo se não tivesse meio metro. Se não tivesse olhos verdes e bochecha rosa parecendo que tinha passado blush.

Fui treinar e atender uma paciente. Quando voltei minha mãe estava num bloco na esquina. Pensei: Por que não?

Sou o tipo de pessoa que odeia carnaval até o momento em que me aproximo de uma bateria. Aquele troço mexe comigo.

Bento estava contido no carrinho. Tomando uma cervejinha de leve resolvi solta-lo. Queria contagia-lo com a alegria do carnaval. Era um bloco pequeno com gente bacana envolvida.

Catei ele no colo e fui sentir a bateria. Bento de palhacinho se destacava na multidão. Até que um cara se aproximou e puxou assunto.

– Olha, parabéns, elA é lindA…
– Obrigada.
– Sabe que tenho um filho dessa idade?
– Ah é?
– É. Inclusive a gente podia apresentar meu filho pra sua filha. Eles podiam namorar – essa mania que as pessoas tem de antecipar as coisas.
– Podia… Só que ela é ele.
– Ah foi mal, é que não vi bem, podia ser menina.

Depois dessa o cara desistiu do flerte.
Os amigos que estavam do lado assistindo a cena. Na expectativa ” vai pegar ou não?” não deixaram por menos.

– Caralhoooo, moleque! Não viu que era garoto, porra? Kkkkkkkkkk O menino está de palhaço azul!
– Po, nem reparei – a falta de sagacidade masculina.
– Kkkkkkkkkkk meu filho vai namorar com a tua filha! Kkkkkkkkkkk Pedrinho já querendo formar um casal de bebê gays! Kkkkkkkk

Tive que rir escondida. Primeiro, da bola fora do Pedrinho. Segundo, da zoação dos amigos do Pedrinho. Terceiro, porque esse é o clima do carnaval.

Bento se cansou da bagunça e deixei ele com a minha mãe uns minutos. Minutos suficientes para me aproximar da bateria e me apaixonar pelo carnaval.

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