3 de julho de 2013

Adoro ir às consultas pediátricas do Bento. São minha oportunidade de falar sem parar nele, medi-lo, pesa-lo e seguir com as suas evoluções. Consulta pediátrica tem sempre uma sensação de “o que faremos agora?”

Na última, meu maior questionamento continuava a ser o sono e sua alimentação. Será que é fome? – me pergunto. Me queixei da amamentação. Não paro de emagrecer (que palhaçona que eu sou, não é? Há 7 meses me sentia a Aretha Franklin e, agora, reclamo estar que nem a Gisele Budchen. Hãm Hãm). “Lilia, qualquer dia essa criança suga meu peito e sai meu cérebro no conteúdo!” Chegamos à conclusão de que testaríamos um leite de arroz com amêndoas batido com frutas umas 22hs (caso ele acorde esse horário). Depois disso, só peito.

Eu sabia que alguma hora esse questionamento viria, só não esperava minha reação.

– Você quer parar de dar o peito, Fê?

-Não! – ela sorriu. Não tô pronta!

Ficou claro pra mim. Foi bom. Mesmo que reclame, mesmo que no fundo almeje uma libertação, quero continuar. No geral, meu desejo é continuar amamentando. Eu questiono pra fora, mas dentro está tudo certinho, combinado. Bento morde meu peito. Bento faz carinho no meu rosto. Bento vem esganado para mamar. Bento revira os olhos mamando. Bento chora para mamar. Bento sorri enquanto mama. Bento no peito é calmo. Sempre. E a Fernanda? Como será a Fernanda no peito? Já cheguei a pensar, nessas madrugadas insones. Dou o peito por culpa, será? Culpa de não ser a mãe perfeita. Mais um drible da minha mente. Dou o peito porque é a forma mais próxima que desejo estar do meu rebento. Dou peito não só porque é minha forma de amar, mas também porque é minha forma de receber amor.

Mais uma catarse. Eu me sinto amada amamentando. Por que é importante dizer isso? Porque a gente vê livros, artigos, cursos, palestras, seitas e no que mais se fala são nas coisas que beneficiam o bebê. Bebê pode isso, pode aquilo. Bebê DEVE ter isso ou aquilo. Bebê não pode, blá blá blá e por aí vai. Minha pergunta é simples. É de simples resposta também, mas não vejo acontecer na prática. “E A MÃE?” Será que a única coisa benéfica para mãe é ver seu filho bem? Claro que não. Minha catarse faz todo sentido. Não amamento só pelo conforto de outrem. O faço por mim. Também.

“Ei, Bento, a gente se ama? Vamos nos amar agora?” Acoplo sua pequena ventosa em mim e começamos.

Antes, tínhamos o cordão umbilical para nos conectar. Agora, temos o peitão umbilical.

Não tô pronta!

Sabe quando estarei? Quando aprender a transferir esse amar e me sentir amada para outro lugar.

Até lá, continuarei pagando peitinho por aí sempre que Bento precisar. E eu quiser.

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