29 de setembro de 2014

O retorno pós maternidade single não foi mole. Já melhorou bastante e faço um esforço enorme para deixar de ser rabugenta e me flagelar com as dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia.

Aqueles dias que Bento queria dormir mais e eu cruelmente o tirava da cama quentinha para poder deixá-lo com alguém para treinar. Putz, que dó! Uma parceira de treino outro dia disse: ” Faz um esforço para chegar mais cedo.” Ah… Ela não sabe. Não sabe.

A questão principal deste retorno foi que pude contar com muita gente. Minha mãe, meu pai, pai do Bento, padrinhos, amigos… Pessoal corajoso que levantou às 5:30 da matina algumas vezes para eu poder treinar.

Há um tempo atrás, houve uma enxurrada de relatos positivos e negativos sobre empregadores de mães. Alguns excludentes e inflexíveis (até mesmo cruéis) e outros super compreensivos e engajados na causa.

Quero dar o meu relato positivo como atleta de remo.

Semana passada, fui para São Paulo competir o Campeonato Brasileiro Sênior de Remo e levei Bento junto. Meu clube, o Botafogo Futebol e Regatas, foi de ônibus fretado e não havia espaço para Bento na ida. Deram um jeito de me levarem de avião para que eu pudesse ir com ele – paguei somente a sua passagem. Na volta, viemos no ônibus com todos – na zorra de uma cervejada e guerra de travesseiros.

Além desse gesto bacana e inclusivo, vieram, nesses 2 anos, tolerando os meus atrasos. Sabendo obviamente que, como uma boa viciada em remo, eu cumpriria todo o meu treinamento no tempo que fosse preciso.

Lembrar do meu treinador abrindo a sala de musculação à noite num dia em que Bento dormiu até mais tarde, enche meu coração de esperança. A compreensão das pessoas minimiza as dificuldades.

Ou da semana que ele teve um princípio de pneumonia e que eu chegava no treino às 10 da manhã com uma olheira no pé para fazer remoergômetro.

Dos dias que tive que levar Bento junto para fazer musculação. Um tal de gente fazendo palhaçada, pegando no colo e o protegendo para eu poder fazer simples 5 agachamentos. 5 simples agachamentos que fazem toda diferença. Da Helena ou da Marli fazendo pão com geléia para ele comer (e eu ganhar mais 5 minutos de treino).

Dos treinos com pausa para amamentar. Já saía da água pondo o peito pra fora enquanto a criança se esgoelava pela lagoa.

Tudo isso só me faz acreditar que a nossa vontade gera uma reação geral na mesma direção. E que quem quer, quer mesmo, dá um jeito.

Ano passado, apenas alguns meses após o meu retorno, fui prata no Campeonato Brasileiro de Remo e, este ano, fui ouro. Ainda tenho um longo caminho de treino, acordadas às 5:30, vontade e ajuda dos outros.

Afinal, it takes a village!

Obrigada a todos que participaram dessa conquista 🙂
Obrigada ao meu clube baby friendly Botafogo.

(Iri, essa foi pra você, meu amigo! Sinto sua falta!)

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#rowing #remobrasil #remobotafogo

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