Não vou ser engraçada. Eis aqui o relato de uma mulher que corre com os lobos. Gosto de ser livre e, nesses últimos tempos a última coisa que tenho sido é livre. A maternidade é ambígua em tudo. Você quer dar uma volta na rua, mas não quer deixar o bebê com alguém. Você quer voltar ao trabalho (só pelo dinheiro), mas morre só de imaginar ele chorando sentindo sua falta. Você quer fazer as unhas, ajeitar os cabelos, mas tem preguiça. A maternidade é ingrata, minhas companheiras. Eu olho meu corpo e fico com uma raiva dos diabos. Eu olho meu filho e sinto o amor dos deuses. Hoje, meu relato é o espelho de uma mãe neurótica que não faz idéia de como dará continuidade ao resto da vida dela. Venho tentando atender alguns pacientes e tem sido uma tortura. Se você é meu paciente e está lendo isso, não se assuste, eu peco por excesso de sinceridade, mas vou continuar  te atendendo tentando não me preocupar com meu rebento. Que tarefa… Eu não quero que em nenhum momento, segundo de milésimo, milésimo de milésimo, ele se sinta abandonado. Eu posso falar meus palavrões, chorar de cansaço ou irritação, mas eu tô ali, grudada nele. Ontem, a pediatra me perguntou como ele estava e eu disse: “tudo o que vou dizer parte de alguém que está 24 horas por dia cuidando dele, vou te dar uma noção aumentada de tudo porque estou exausta”. Eu sou exausta e nem assim consigo delegar meus poderes de mãe, ou pelo menos alguns deveres. Sou do tipo “me dá que é meu” e eu que me delicio ou me ferro. A maternidade envolve os dois como um circuito de roda gigante. A modernidade nos deu muito, mulheres, mas nos tirou também. Enquanto muita gente acha que a liberdade de dar pra quem quiser é uma conquista da mulher, eu bocejo e digo: liberdade sexual, trabalho, casa e maternidade, acúmulo de poderes e deveres. Nós acumulamos responsabilidades e eu sou dessas de matar as coisas no peito. Dá um trabalho… Esse senso de responsabilidade que eu tenho chega a ser prejudicial à minha saúde. Sabe quando eu vou relaxar? Talvez quando morrer, sabe-se lá o que me espera! Mas então, a mulher de hoje comanda a casa (eu na verdade sou comandada pela minha empregada, mas não diga isso a ela), tem que mimar o marido (os homens são eternas criancinhas e, em geral, egoístas. Dura realidade), tem que cuidar dos filhos (mãe é mãe), tem que ser bem sucedida no trabalho (mundo capitalista selvagem). Aí te pergunto, cadê a porra da liberdade??? Liberdade ganharam os homens que agora rateiam a conta do bar, dividem a conta da net em casa… O governo nos dá direitos iguais. Ok, quero direitos iguais respeitando nossas diferenças. Quero um auxílio para poder ser mãe e não ficar doida porque tenho que ganhar dinheiro, ou voltar a trabalhar e passar mal porque estou fazendo algo contra minha natureza. Minha natureza é de cuidar do meu filho, o bebê humano é o mamífero que nasce mais despreparado para o mundo. Vejo amigas que não são autônomas como eu tendo que voltar a trabalhar em prazo estipulado sofrendo muito, leite diminuindo, tristeza, dor de barriga, dor de cabeça. Que raio de liberdade é essa??? Isso é saudável??? Ou eu que sou mãe neurótica? A igualdade da mulher não passa por querer andar de peito de fora porque os homens andam sem camisa, não passa por querer arrotar e falar palavrão sem que achem feio, não passa por “ser sapatão” como um bando de homem imbecil acha. Aliás, um parênteses, você vê logo que o homem é machista quando pra ele as mulheres, tirando a dele, são divididas em dois grupos: as sapatões (aquelas que ele não comeu e por isso não gostam da coisa) e as piranhas (aquelas que são simpáticas e ele sabe que alguém já comeu). Aliás, mais um parênteses, “comer” é uma forma machista de falar de sexo. Mulher é comida? A mah vá! Observe o ato e veja quem come quem. Resumindo: a liberdade da mulher passa por ter benefícios que suportem o que é ser mulher, sem diminutivos, e não algo que a faça homem. Mulheres e homens são diferentes e ponto final. Jogue no google acadêmico “diferenças de gênero”, cate as pesquisas e desenvolva um plano.
É isso mesmo, a feminista voltou mais bolada do que nunca e com leite no peito. Segura Taffarel!

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2 Comentários

  1. Anonymous

    Só digo uma coisa: sorte do Bento em ter vc como mãe, tão dedicada, atenciosa, amorosa… Essa trabalheira com bebês passa rapidinho!!! Parabéns por tudo! Sua grande fã e admiradora Renata :)))

  2. Não sou mãe, ou seja nada que eu te disser com relação a maternidade vai ter veracidade,rsrsr. Só estou certa de uma coisa sou sua fã. Parabéns por tudo e sei que Deus não nos dá nada além do que podemos suportar. Quanto aos homens,eles pensam que podem muito, mas . . . essa história de não dar mole e receber “apelidos” ou opção sexual é assim mesmo, em todo lugar. Continue firme, forte e feroz,rsrsr

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