Quando me mudei para uma casa, pensei: melhor que dedetização é ter gatos.
Senti saudades da minha infância e dos meus gatos de São Cristóvão. Passando pela frente de uma Pet shop, avistei gatos para adoção. Olhei de canto de olho e ignorei. Três dias seguidos. No quarto, mudei de rua. No quinto, cruzei com uma barata cascuda no quintal e, conversando com meu tio, ele sugeriu: um gato? No sexto, fui direto ao ponto e adotei dois gatos magrelos pretos. Fiz a apresentação às cachorras e acreditem, tive que defende-las! Dois meses depois um sumiu e ficou na casa o, até então, mais distante e arisco. A perda do irmão mexeu com os sentimentos do Ares, minha mini pantera negra. Passou a dormir com as cachorras e se recusar a ficar em casa enquanto elas passeavam na rua. Chegou ao ponto de nos acompanhar até a padaria e esperar com elas na porta. Outrora, nos acompanhou e se perdeu. Uma senhora o resgatou e ligou pro meu número. Quando fui buscar Ares, ele desceu todo pomposo e esparramado no colo da empregada da senhora – cena inenarrável. Ela o elogiou muito – ha ham… – de quebra cortou suas unhas, ops, garras. Ares foi uma excelente aquisição da família. Dócil, inteligente e caçador. Caça baratas, ratos, pássaros. Ares gosta de estar por perto. Me recebe na porta e entra comigo. Entra em todas as casas, come, bebe e recebe carinho. Tem horas que olho pra ele e pergunto: Você sabe que é meu? Entre as suas diversas habilidades, a de encantar cães que não gostam de gatos é a que mais me faz feliz. Ele fez amizade com os 2 cães da minha vila que simplesmente não podiam ver gatos que saíam correndo atrás. Para provar seu dom, Ares fica deitado na calçada com ar de deboche enquanto os cães passeiam.
Ares, o gato cachorro mais companheiro que conheço.