Sou mal acostumada. Porque és meu quase todo tempo. Com o peso que isso tem. Com a intensidade que isso tem. Com o amor que isso contém.
Outro dia, você me chamou de chata. Natural. Sei disso. Ainda assim, cortou fino meu coração. Seria eu uma mãe convencional? Sou mãe o tempo todo e sou real.
Não faz isso, escova os dentes, olha a lambança. Disciplina positiva. Disciplina negativa. Falta de disciplina.
Sou sua. Edipianamente, inevitavelmente, profundamente.
Tomaste minha vida. Falando soveRte, ôngus, mamãe a cada milissegundo.
Você é o maior amor do mundo.
E me sinto assim, impotente, quando você foge da minha alçada e não me cabe mais protegê-lo. Desconfio que ninguém saiba melhor que eu.
Claro que respiro, confio, entrego. A coisa mais rica da mãe. Meu pedaço mais bonitchinho. Meu filhotinho – mesmo que atualmente rebata dizendo que não é um cachorro.
Toda vez, toda vez. Dou de cara com esse muro. Você pra lá, eu pra cá. Não éramos um? Esse muro.
A família margarina completa que nunca existiu. O monstro da privada pegando o meu bebê.
Um muro. Um muro cinza, seco, sombrio. Decorado com uma placa única que diz:
“O filho não é só seu”