É o corpo que tem pra hoje

Eu sabia que a gente não saía magra da maternidade,

mas também não imaginava aquela pança descabida balançando feito um alien do pós parto. Não tô aqui pra censurar a maternidade. Já tem muita gente pra fazer por mim. Meu trabalho é fazer com que nós gostemos mais de nós mesmas de uma forma realista. Photoshops, artistas neuróticas de TV e o machismo que nos industrializa, ferram com a nossa cabeça.

Mas eu e Lady Kate estamos aqui para te dizer: é normal. E não, ela não volta logo.

Lady Kate para alegria minha e das minhas amigas ativistas, disse que teve um parto natural e, bem mais que isso, apareceu saindo do hospital com a barriguinha sacana que tantas mulheres sufocam nas suas cintas marcada num vestido azul angelical. Poderia ser uma batinha pra disfarçar, não poderia? Mas não, estava lá seu vestido justo nos seios com um cinto logo abaixo marcando o início da pança. Me disseram que era jogada de marketing. Caguei. A mensagem foi ótima. Não saímos saradas da maternidade. A não ser que você passe no açougue logo depois e peça: “Sem gordura!”
Nem que eu tivesse essa grana.

Saí da maternidade balançante. Uma barriga mole, preta, vazia, disforme, sem sentido, com órgãos espalhados tomava conta de mim. Era esquisito. Apesar de tudo, não me preocupava. Tinha pra mim que o “inchaço” passaria em breve. Essa é a hora que o público ri.

Engordei durante a gravidez 21kg. Saí do estado mais sarado que já estive na vida para o mais obeso dela. Mas calma. Uma semana depois, eu tinha 14kg a menos. Saiu um boi e sua placenta de mim. Saiu a Lagoa Rodrigo de Freitas de mim. E com minha alimentação saudável, estava tudo muito fácil.

Ainda havia pança. Celulite nas minhas pernas e busanfa. Eu as espremia todos os dias para ver em que pé andavam. Nada bom, nada bom…

Outro dia, uma amiga estava me dizendo que marcou sessões de estética para tirar as celulites. Minha mente estava borbulhando de considerações sobre as amarras do corpo da mulher e filosofei com a cara colega:

– O mais comum é ter ou não ter celulite?
– Ter. – respondeu minha amiga atenta.
– Algum homem vai deixar de trepar com uma mulher porque ela tem celulites?
– Não.
– Então, porque a gente fica tão estressada com elas?!
– Não sei.

Claro que, em seguida, ela desmarcou as sessões.

Não tô dizendo para a gente não se cuidar. Celulites são acúmulo de gordura, gordura faz mal pra saúde e ponto. Você não vai ficar pra titia por isso e não deveria se sentir tão mal.

Foram 14kg e eu pensava que dali em diante seria moleza. Porém, não contava com o cansaço, a falta de tempo e a fome avassaladora que a amamentação proporciona. Cheguei a ganhar peso. E olha que não comia chocolate pra não provocar cólicas no Bento! Nas primeiras duas semanas, devo ter comido umas 3 caixas de bananada. Acordava de madrugada para amamentar e comia o que tivesse na geladeira. Tomava os sucos pelo gargalo. Litros. Um horror. Era a fome da gravidez, a revanche. E sede. Muuuuita sede.

Engordei um pouco e estagnei. Me transformei por um tempo no estereótipo materno que não queria ser. Uma mulher sem forma, de bermuda, batinha e mocacin. Tirando o mocacin que eu não tinha. Não estava satisfeita com aquilo, mas… Haviam coisas mais importantes. Um bebê.

Um bebê. E te pergunto, como mulheres recém paridas emagrecem ferozmente? Nada normal.

Fiz um post na época falando do quanto eu estava ansiosa para emagrecer (Rapidinho?). E agora posso dizer: emagreci rapidinho. Rapidinho embora essa não seja a prioridade.

Ficam me perguntando como estou com esse corpo de agora e eu respondo com sinceridade: Não sei. Quer dizer, sei, mas não foi uma fórmula tão mágica assim. Só mirei nas prioridades e comi o que tive vontade.

Cuidei do Bento, amamentei de maneira a dar inveja em qualquer vaca leiteira e remei. Remei o que deu. Remei em direção a esse amor que já dura anos. E comi. Comi tuuuuudo que passou pela minha frente. É claro que com orientações da minha nutricionista, Mariana Belém, que além de apoiar a amamentação, objetivou conciliar o seu gasto energético com o do esporte.

As gorduras me incomodaram. Porém, hoje entendo a função delas. Elas armazenaram a energia que precisei nesse período pra produzir meu leite, pra cuidar do meu filho. Todo mundo diz que amamentar emagrece e quando você começa, quer que seja logo, mas não é. No início, dá uma fome absurda, depois vai regulando e, lá pelo oitavo mês, é que você vai sentir a diferença no corpo.

Me incomodaram, mas não tanto quanto me incomodariam em qualquer outra situação que não fosse a maternidade.

Parem de censurar a maternidade. Parem de censurar as mulheres. Nossos corpos são perfeitos como são. Com cicatrizes, estrias, sobrinhas.

O emagrecimento vai ser um processo natural. Pode até precisar de uma certa atenção (nutricionista, exercícios). Mas não vejo espaço, tempo para ser o principal. Tanta coisa legal acontecendo, mudando!

Esquece a TV, esquece a revista.

Vá ser a mãe que você PODE e QUER ser.

Quem quiser, segue o contato da Mari.

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