Beijo no ombro

Uma leitora fofa, numa viagem de êxtase, escreveu o seguinte comentário no meu post sobre a loucura que é a privação de sono no primeiro ano de um bebê. Ela foi tão fofa que mereceu uma resposta. Tão fofa, e eu tão egoísta e mau humorada, que mereceu um post só pra ela. Vou por partes:

“Eu também tenho pena do Bento…”

Fofa de my life, não tenha pena dele, tenha pena de mim que cuido dele sozinha e ralo feito uma abelha operária para manter casa e comida.

“Quando escolhemos ser mães, sabemos exatamente que qualquer criança dá trabalho.”

Peeeeeeeee!
Errado. Não sabemos não. Dá muito mais do que imaginamos, principalmente porque as revistas e a Tv não mostram o lado neeeegro da maternidade.

“Abrir mão de alguns “luxos” da vida de solteira ou casada sem filhos é pouco perto de toda a alegria de ser mãe.”

Cadê a bendita loja de paciência? Alguns luxos? Não sabia que dormir era luxo, não sabia que não passar perrengue de grana era luxo, não sabia que ter um momento próprio – e não estou nem entrando na questão farrear que, de vez em quando, tem o seu valor – era luxo. A maternidade tem os seus sacrifícios, sim, sabemos. Mas eu não tenho cara de Maria de Nazaré. Sou humana e passearei dos sentimentos mais eufóricos e profundos de ser mãe até os mais detestáveis. Posso?

“Não vejo o lado negro de ser mãe, vejo sim é cada vez mais mulheres egoístas.”

Fofa, consultora sênior da Mary Kay, obrigada pela parte que me toca. Não vê o lado negro? Clap, clap, clap… Você é maravilhosa, rainha de todo o sacrifício da humanidade – ou não tem filhos?

“Sinto é muita tristeza…”

Não sinta, Bento é muito feliz. Vá sentir tristeza pela fome mundial, pelas crianças largadas em sacos de lixo.

“Como será saber que se é rejeitado?”

Olha, rejeitado da forma que ele é, tem uma fila querendo ser. Não sei qual é a sua projeção sobre o meu texto, mas acho que você devia levar para análise e procurar entender por que te incomodou tanto. Mesmo que seu comentário tenha merecido um post, saiba que estou rindo de tão idiotas que são as suas colocações- principalmente esta.

“Imagina um bebê que já acorda assustado e clama pela mãe, se deparar com uma cara amarrada e irritada porque ele chamou!”

É… Tem razão. Deve ser foda. Principalmente, se ele vem acordando de uma e uma hora há 7 meses. Quer vir me ajudar?

“Como será a segurança dessa pessoa quando se tornar um adulto?”

Tchanananam…. Já que cê tá preocupada, vou te tranquilizar que por enquanto é ótima, tá? Pode dormir em paz.

“Nem mesmo a mãe foi capaz de cuidar dele com amor… “

Ah não?! Então quem cuida? O moleque é limpo, forte, alimentado, inteligente, amoroso, grudado em mim. Quem foi que cuidou? Foi você? Minha amiguinha, fale do que você sabe. Se basear num texto de desabafo de insônia materna para dizer o quanto o meu filho é amado é ridículo! Podre! E nesse ponto você pisou no meu calo.

Por fim…

“Fico muito triste mesmo…”

Triste fico eu de receber um comentário bosta desses… Da próxima vez, fume maconha pra refletir melhor sobre o que escreve.

Beijo no ombro.

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