12 de setembro de 2013

Eu simplesmente esqueci que isso ia voltar a acontecer na minha vida. Sei, lá. Acho que em virtude de todas as trapalhadas que vêm me acontecendo, eu ia ter o bônus de nunca mais ter uma TPM.

Desde que engravidei, mais ainda, desde que pari, meu estado estável comum é: louca acelerada. Minha vida poderia ser filmada com a Ivete Sangalo cantando levada louca no fundo. Coerente.

Algo mentiroso no meu interior havia apagado que voltaria a acontecer. Claro que eu sabia que a menstruação voltaria. Mas imaginava que seria como nos anúncios de tampax. Uma mulher com sorriso perfeito, calça branca – que mulher idiota usa calça branca menstruada? Nem com fralda geriátrica, vamos combinar – e um ar de leveza. Não se é leve menstruada, nunca. Em nenhum sentido possível. Só se você não estava querendo engravidar. O que não é sempre. Fora isso, nunca é leve. Tampax… Eu só acrescentaria um bebê dourado na imagem. Limpo, quieto e sorridente.

MomNatureTampax2010[1]

Esqueci.

-Espelho, espelho meu, existe alguém mais louca do que eu?

-Sim, vossa majestade…

-Não! Quem? Nana Gouveia no furacão Sandy?

-Não, vossa majestade, alguém muito pior…

-Pior?! Tá, espelho, tô sem criatividade. Ninguém pior que a Nana. Nana forever and ever top das mais amalucadas. Diga logo!

-Vossa majestade, vossa majestade. Vossa majestade de TPM, vossa majestade. Espere a quarta lua do décimo mês do equinócio de inverno e verás… Ela vai voltar.

-Nãaaaoooooo!!! – pá! Voadora no espelho. Quebra a porra toda.

 

Posso dizer que na primeira vez que menstruei depois do nascimento do Bento, me senti uma teenager na sua menarca. 2 dias mais ou menos e deu. São os hormônios, pensei. Amamentando, né, vai vir pouquinho.

No mês seguinte, comecei com uma dor de cabeça intensa que não melhorava com tylenol. Fiquei mal mesmo. Pensei que fosse minha cervical. Foram 5 dias com um peso na cabeça. No quarto dia, tive uma crise de vômito. Cismei com o grão de bico acebolado. Foi ele que atacou meu estômago. No dia seguinte, meu estômago continuava embrulhado. Grão de bico maldito. Dois dias depois menstruei. Feito gente. Ou feito mulher grande. Não lembrava como era e não estava com a menor saudade. Eu poderia ficar sem essa. Não liguei muito o nome aos bois, mas ficou na memória a proximidade dos dois eventos.

Sexta passada, estava com a mesma fome demoníaca de sempre. Bento dormiu no carro e num surto, parei no Bobs para comer 2 sanduíches. Não é sempre assim. Quase não como carne, fritura, muito menos Bobs. Filo todos os legumes restantes dos pratos do Bento – isso quando eles restam, em geral, os roubo mesmo.

Sábado, treinei super forte e disposta. Fui pra casa, almocei com Bento, apliquei nele uma surra de peito e dormimos por 2 horas.

Quando acordei… Parecia que estava com o capacete do Darth Vader tamanho pp na cabeça. Mal conseguia abrir meus olhos. Muuuuita dor!!! Tomei banho com Bento, íamos a uma festinha de criança. O arrumei e mal conseguia olhá-lo. Em segundos, evoluí para vômitos. Vomitava um gosto amargo nojento. Doía minha alma! Minhas amigas nos encontraram lá em casa e fomos à festa. No caminho mais uma parada. Desci na casa da minha mãe pra vomitar de novo. Chegando na festa – isso mesmo, fui à festa, o que não fazemos por nossos filhos? – o som parecia furadeira no meu cérebro. A galinha pintadinha mais parecia o tiranossauro Rex nos meus tímpanos. Eu não estava legal. Vomitei mais uma vez e… liguei pra minha mãe. Pois é isso que a gente faz quando não está se sentindo bem. Fui pra casa dela e sabotei seu chope de sábado. Fiquei no escuro rezando pra Deus me perdoar por todos os meus pecados e tirar aquele compressor cerebral de mim.

Em algumas horas melhorei, dei janta pro Bento – minha mãe quis voltar pra farra – e consegui comer algo que não saltasse de volta pra fora do estômago. Associei tudo que aconteceu ao Bobs. Prometi: Bobs nunca mais.

Domingo, treinei, feito um cocô boiando, mas treinei. Era dia de remo longo, então procurei remar bem sem me exaurir – ou fazer cocô nas calças. Fui buscar o Bento e minha mãe veio com a notícia que minha avó tinha feito feijoada. Eu não podia fazer essa desfeita e comi a feijoada. Burra. Burra. Burra.

Depois, encontrei umas amigas e comemos uma carne. De sobremesa chocolate. E o dia que estava ensolarado e bonito escureceu. Foi o chocolate encostar a ponta dos seus pés no meu estômago que começou tudo outra vez. Uma faca perfurava meu olho esquerdo, Darth Vader me tapava os olhos com o seu capacete miniatura e meu estômago brincava de trampolim. Quase chorei. Só não chorei porque minhas amigas estavam ali e me ajudaram. Nada pior do que se sentir mal sozinha com um bebê. Nada pior do que passar mal num dia e repetir a dose no dia seguinte. Parecia uma ressaca dose dupla. Minha visão ficou turva, minha cabeça pesava e rodava. Fui direto pro vaso e vomitei à jato. Horrível. Depois de ter vomitado tudo que tinha na barriga com meus rins e fígado juntos, vesti o Bento e o pus pra mamar.

Segunda-feira. Eu era um saco vazio. Fátima chegou às 8am. Entreguei Bento e dormi até as 11. Comi comida de passarinho e fui melhorando. À noite, fui ao banheiro e estava lá a maldita. Juntei as peças e entendi tudo.

Minha TPM que se caracterizava por uma leve alteração de humor, um peso na lombar e nos joelhos, sofreu uma mutação genética e evoluiu para tudo isso elevado a 5 somado a vômitos e dor de cabeça lancinante. E o meu humor? Olha… sem brincadeira, meu humor ficou terrível! Pedi perdão 5 vezes ao Bento e uma vez à minha mãe em 2 dias. E ainda consegui travar minha lombar tamanha contração do corpo e da alma. O que piorou, sem dúvida, o quadro geral.

tpm[1]

Em tratamento, o osteopata disse para mim: Você não precisa de osteopatia, você precisa de férias.

Numa das noites que dormi com Bento na minha mãe, com a coluna travada, Bento me deu uma cabeçada dormindo. Sem querer, claro. Sentei na cama e comecei a dar socos no travesseiro gritando que queria dormir. Minha mãe saltou da cama meio sonâmbula, levou ele pra sala achando que eram 6 am. Eram 2:30am. Dei um escândalo com ela. Que estava tentando me ajudar. Viu que eu estava completamente descompensada, cansada e tudo mais. Deixei ele lá com ela e fui dormir. Dane-se! – pensei. Por 5 minutos. Voltei e peguei Bento. O fiz dormir.

Acordei triste comigo. Triste com meus hormônios e dando razão pro Bento se ele quiser deixar de ser meu filho.

Hormônios são uma coisa séria. Muito séria.

 

Postei uma bobagem no facebook e um amigo comentou que eu tinha que tirar meu ódio e rancor do coração. Me calei. Não respondi. Liguei para uma amiga e consegui rir do quão doida estava sem ao menos poder comer um chocolate sem vomitar.

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E cheguei a uma resposta:

Caro amigo, hormônios no sangue dos outros é refresco.

 

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