25 de março de 2013

Aí, você acorda e pensa: “Ah, dia lindo, vou me arrumar para sair de casa, coisa simples, 15 minutos…” Um xixizinho, roupa, chaves, nada mais. Lembro que pra treinar, bastava acordar de 20 minutos a meia hora antes que chegava na hora ou até antes. Se acordasse atrasada, pegava minha vassoura e voava pro clube com remela na cara e tudo. Remador que é remador não se incomoda com aquela babinha seca no canto da boca, cabelo despenteado e remela nos olhos. Suas companheiras de barco só querem que você esteja lá na hora. Agora, mentaliza uma saída de casa com um bebê, 3 cachorras e um gato. Sério mesmo, mentaliza. Você acorda, as cachorras estão felizes e contentes, seu gato dorme tranquilo numa almofada, seu bebê ainda sonolento e limpo (ele tem função auto limpante) cantarolando no berço após 8 horas de sono e você, linda mulher reluzente sem celulites e olheiras, acorda super disposta. É nesse momento, não mais que nesse momento, que eu solto uma gargalhada na sua cara. Rá rá rá rá… Vou te dar uma palhinha do meu simples demorado processo de sair de casa.

O bebê acordou umas 3 vezes pela madrugada para mamar. Eu revezei os lados para não ficar monoteta ou acordar toda cagada de leite. Ele dormiu às 18:30, que horas você acha que ele levantará de vez? Isso mesmo, 4:15 da manhã, tudo escuro. Eu, malandra, consegui chapar às 20 horas e nem estou tão mongol assim. Primeiro ponto, xixi matinal. Para conseguir chegar ao banheiro, tenho que ou cerca-lo de almofadas ou coloca-lo sentado no chão com umas das minhas cachorras, Pucca, uma babá quase perfeita, para entretê-lo. Quando sento no troninho, vem meu gato miando se esfregando na minha perna pedindo comida. Agradeço quando ele não me aparece com algum brinquedo: baratas, ratos, passarinhos, lagartixas, mariposas. Ok, xixi feito, corro pra colocar a comida do gato,  preciso calar a boca dele. Bebo uma água. Visto a roupa. Se o bebê estiver bravo, tenho que carrega-lo para cada uma das etapas. Sim, até pro xixi. Ele fica em cima da banheira tentando puxar meus cabelos enquanto eu tento urinar. As mochilas, eu já deixo prontas um dia antes, porque de manhã pareço um furacão, qualquer dia saio pelada e nem reparo. Abro a varanda para soltar as outras duas cachorras. Ficam presas porque só fazem merda! E eu, com a maternidade, entrei no modo sobrevivência, ou elas ou eu. Nesse momento, tenho que trocar a fralda e a roupa do bebê, colocar água e comida pra elas, tirar o jornal mijado e cagado, limpar aquele cocô, em geral mole, que ficou do lado de fora do jornal só de sa-ca-na-gem e ainda dar uma voltinha na vila para provar que não sou uma mãe relapsa. Aí começa meu estresse diário, nem sei por onde começo e vou fazendo metade de cada etapa. Deixo o moleque sem fralda no berço, pego o jornal sujo, troco a água, boto a fralda, coloco a ração, dou esporro na cachorra que está subindo no sofá, coloco a roupa nele, coloco jornal novo, falo 577 palavrões. Desço, boto a água pra aquecer, ando com as cachorras, cato mais cocô, vejo se as mamadeiras dele estão na bolsa, decido que fruta ele vai comer, boto as cachorras de volta na varanda, faço meu café. Quando vou entrar no carro com bebê, caneca de café, carrinho e duas bolsas, reparo que não faço idéia de onde coloquei a chave do carro. Caralho, caralho, dou chutes em mim mesma, sério mesmo. Chutes mentais, fiquem tranquilos, ainda não cheguei nesse nível de loucura. Tô caminhando para ele, certamente. Largo bolsas, criança na porta de casa e subo pra procurar. A criança se emputece com a desorganização da mãe e começa a gritar, tipo: ” Porra, mãe, me leva com você, perdeu a chave de novo?” Eu queria, juro que queria, se ele não tivesse quase 12 kg e minha coluna não tomasse choques até o meio das minhas pernas, eu carregaria ele no colo o dia todo. Seríamos mãe e filhinho canguru, mas não dá. Simplesmente não dá. Por motivos de saúde e não por falta de amor. Procuro a chave loucamente no andar de cima. Desistindo, desço e vou procurar nas bolsas. Bingo, lá está ela, no lugar que já tinha metido a mão 5 vezes antes de subir. Xingo mais umas 900 vezes. Coloco a criança no bebê conforto, ela reclama, bate perna e eu emano o ohn para não me jogar no chão e espernear de irritação extrema. Bolsas e puf! Entro no carro, fecho e vou.

Horário de saída 5:30 am. Tempo de processo: 1h 15 min. Nível de estresse: 80.000.

Qualquer dia, professor Xavier me recruta para ser uma x-men.

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