Todo santo dia tento entender o que esse barco quer de mim. O que essa vida quer de mim. E o que eu quero pra mim mesma.

Às vezes, fico presa nos detalhes. Às vezes, resolvo só dançar com ele sentindo o ritmo que a água impõe.

Porque a água impõe. Água não segura. Água refresca, hidrata. Água inunda, infiltra. E eu me sinto tão água quanto a água que me circunda.

Só me apresento diferente na forma. Dura.

Sou água intensa, turbulenta, selvagem. Sou salgada. Sou doce. Raramente parada. Não tenho vocação pra poça.

Em cima do barco tem água, embaixo do barco tem água. E nem sempre nossas marés estão na mesma direção. Ah, mas é tão bom quando elas estão!

Se for remo longo, é valsa. Se for intervalado, é tango. Se for tiro, é funk.

Quando venta forte, chegamos as duas muito maroladas. Caos completo. Queremos ir embora.
Se estamos lisas e serenas, nos apaixonamos de novo e queremos ficar. Em ambas condições, dura pouco e é por isso que ainda estamos aqui.

Porque somos mutáveis, sensíveis e fortes. Choramos, mas aguentamos o tranco. Amamos de maneira especial. E envolvemos intensamente quem aceita nosso convite pra dançar.

Querem dançar comigo?

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