Alive

Saí de casa pedalando pelos buracos das ruas descrente
Pensamentos invadiam e escapoliam na mesma velocidade
Olhar distante da realidade


As rodas giravam firmes e eu queria que fossem mais velozes


Queria descer o Humaitá sem medo de cair
Sem medo de morrer
Queria descer sem medo

Dei impulso e soltei


A magrela descia em marcha fúnebre
E toda essa moleza me irritava
Calm down, calm down – respirei


Entrei na Pacheco Leão
E ao sentir a sombra das copas das árvores me tocando
Vi que o cenário estava mudando


Avistei uma menina de uns 13 anos morena com uns fios loiros correndo
Visivelmente receosa com a subida
Receosa
Divaguei


De repente, fui coberta por um corredor de árvores

Um 409 me passou
Minha respiração apertou seu ritmo e a subida começou
Puxei com toda força aquele ar verde que me rodeava
Ele adentrava meus pulmões feito clorofila
E cada pedalada que eu dava, parecia estar mais próxima da minha própria vida

Dei bom dia para os que passavam
Dei força pr’aquela menina

Ah, Fernanda, vem pra vida!

Vivi cada segundo daquele momento como único

Como último

Ao chegar no topo, reconheci
Que não se morre assim tão fácil
Principalmente, quando não tem que ser.

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